A história passa-se numa aldeia da Beira Alta, situada num vale abrigado, em posição privilegiada em termos de acessibilidade, distando apenas 10 km da sede do Concelho a que pertence e a 7 km duma não menos importante estação ferroviária, e ocorre na década de 60 do Séc. XX. Era então a maior e a mais importante do Concelho, rondando aproximadamente os 1000 habitantes.
O maior aglomerado de casas concentrava-se junto à Igreja matriz, onde provavelmente teria tido início o povoado, expandindo-se em três direcções, formando 3 pequenos lugares, conhecidos por “Capela”, “Adro” e “Prado”, dando a ideia, a quem a observava à distância, dum “Y” gigante.
Era famosa pela quantidade e excelente qualidade do seu azeite e possuía 2 lagares que recebiam e transformavam uma grande parte da azeitona da região, proporcionando trabalho a um razoável número de chefes de família durante todo o Inverno. A população dedicava-se à agricultura, ao pastoreio, à panificação e ao pequeno comércio, encontrando-se um ou outro operário e era predominantemente constituída por mulheres de meia idade, quase na totalidade analfabeta, e numerosas crianças. A maioria dos homens e alguns casais jovens tinham emigrado à procura de melhores oportunidades.
II - Usos e Costumes
Muitas das notícias chegavam através de mensageiros. As mais importantes, normalmente ligadas a acontecimentos trágicos, mereciam a edição de extensos folhetos que em forma de quadras e ilustrações alusivas aos factos, narravam tragédias e chegavam às aldeias trazidas por viajantes, a quem chamavam de “vendedores da desgraça”, geralmente casais que, enquanto um declamava em grande aparato a ocorrência, derramando convenientes lágrimas, o outro distribuía os “folhetos” a troco de uns cobres.
Começavam também a chegar os primeiros “rádios” a pilhas, que os seus proprietários, presunçosamente, ostentavam. Aos Domingos pequenos grupos masculinos, eram atraídos pelo som e em grande euforia ouvia-se os “famosos relatos” de futebol. A televisão também acabara de chegar, pelo menos um habitante possuía uma! Desconhecia-se em absoluto a existência de jornais.
As conversas focavam assuntos locais. Criticava-se o modo de viver dum ou outro vizinho, lamentava-se o excessivo calor do Verão, a chuva que S. Pedro teimava em não mandar, o caudal da ribeira que escasseava, as searas que os vendavais destruíam, as pragas dos insectos ou gafanhotos e por aí adiante. Quando o tédio tomava conta dos habitantes ou os temas de conversa esgotavam, havia sempre alguém que inventava um boato, o qual corria veloz pela aldeia e, como uma bola de neve ou uma pedra lançada por uma fisga, ganhava velocidade e nunca se sabia quem poderia atingir no seu percurso.
Um costume já enraizado consistia em “baptizar” qualquer forasteiro que ousasse tentar ali procurar noiva. Ainda hoje, em muitas aldeias portuguesas é frequente conhecer-se os seus habitantes não pelos nomes próprios ou seus apelidos, mas sim por alcunhas, e estas muito raramente enobrecem os seus detentores. Pelo contrário, resultam quase sempre de pequenos deslizes ou momentos menos gloriosos de quem as carrega.
Nesta aldeia abundavam as alcunhas, atrevendo-me mesmo a dizer que não havia família que não tivesse pelo menos uma. Refiro, apenas, algumas a título de exemplo: Um homem que nascera com uma deficiência num dos membros inferiores e se deslocava com dificuldade e de um modo desengonçado, era conhecido por “Sexta e Sábado”, um outro habitante após a chegada duma viagem aérea, passou a ser conhecido por “três motor” , havia ainda a “Chairica”, o “Piróvias”, o “Ceguinho”, os “Lérias”, o “Salta pocinhas”, o “Calado”, o “Bonito”, o “Salazar”, o “Carmona” a “República” e tantas outras. Estas alcunhas mudavam de sexo e género de acordo com a pessoa que designava. Assim, os filhos do “Ceguinho” eram todos “ceguinhos” assim como cada uma das filhas do “Faz tudo” era, logicamente, “Faz-tuda” !
III - Retalhos de Vida
Não tinha grandes ambições. Nos seus sonhos de menina não entravam príncipes ou castelos, nem festas ou jardins floridos, apenas sonhava com um lar onde reinasse a paz e harmonia, onde lhe fosse permitido sorrir e viver feliz.
Na aldeia e arredores não havia quem não conhecesse os “faz-tudos”! A alcunha de “faz tudo” fora atribuída, em jeito de elogio, ao seu avô materno, um forasteiro muito habilidoso que havia cerca de 50 anos chegara à aldeia e ali constituíra família, merecendo o respeito dos habitantes.
Por acção do casamento de sua mãe, a alcunha “Faz tudo” revelar-se-ia dominante, fazendo a pouco e pouco esquecer a alcunha “cu negro” pela qual a família de seu pai era conhecida, mas apenas em termos nominativos, pois assim como tantas vezes acontece na vida em que o mal se sobrepõe ao bem, também aqui se perdeu o significado elogioso e respeitoso da alcunha “Faz tudo”, absorvendo toda a carga negativa e depreciativa da segunda alcunha, como se dum potente vírus se tratasse e por motivos óbvios, os “faz-tudos” passariam a ser frequentemente motivo de chacota na aldeia.
A casa onde nasceu e morava com os pais e mais 5 irmãos (4 rapazes e uma rapariga) tinha sido construída pelo seu avô, em local estrategicamente escolhido para manter a família afastada da aldeia. Nesta, ela e os irmãos permaneciam apenas o tempo necessário para frequentar a escola ou ir à Igreja e só muito esporadicamente por ali se demoravam sendo muito raro participarem nas brincadeiras com outras crianças.
Tanto ela como os irmãos tinham poucos tempos livres. Sua mãe regia-se pelo lema: “o trabalho de menino é pouco, mas quem o perde é louco” e desde muito pequena se habituara a desempenhar todo o tipo de tarefas no campo, o que fazia de bom grado.
Por volta dos 8 anos já integrava o grupo de pessoal “recrutado” para a árdua tarefa da apanha de azeitona e igualmente participava nas jornadas das vindimas dos grandes Proprietários locais. O facto de ser considerada, por estes, merecedora de remuneração diária exactamente igual à de sua mãe e restantes mulheres contratadas, enchia-a de orgulho! Isabel, a irmã de Francisca, apesar de 5 anos mais velha, esquivava-se às tarefas do campo, alegando receio de adquirir aspecto trigueiro, ficando exclusivamente a seu cargo os cuidados com a habitação e preparação das refeições da família.
Francisca adorava correr descalça pelos campos, saltar à corda e trepar às árvores e o estatuto de “irmã do meio” permitia-lhe misturar-se com os irmãos, participando em todo o tipo de brincadeiras, algumas consideradas impróprias para meninas, sendo muitas vezes chamada por sua mãe de “maria rapaz”.
À medida que ia crescendo e tomava consciência da vida, algo começava a irritar Francisca. Um boato que tivera origem num episódio inocente entre colegas de escola, quando ela tinha apenas 6 ou 7 anos e que ela própria ajudara a empolgar, acabara por atingir proporções imprevistas que agora, quase com 10 anos, lhe começava a desagradar.
IV - Reflexão
Lembrava-se bem como tudo começara! Encontrava-se no recreio da escola com outras crianças explanando conhecimentos adquiridos na catequese quando uma das pequenas abordou o tema “Demónio” … o “Mafarrico” … o “Satanás” e, entusiasticamente, na altura ela dissera:
- “Eu já o vi!!! É vermelho... anda sempre com uma grande forquilha e tem um enorme par de cornos!!!
Obviamente que se referia a figuras que observara em livros e catecismos que abundavam lá em casa, dando à afirmação o ênfase próprio duma criança carente de atenção. Uma das miúdas, supostamente a Luísa, teria reproduzido o episódio em casa e dias depois a rua do Souto toda comentava:
- “Oh, coitada da Chiquinha … deve estar possuída pelo Diabo”! E a coisa não ficara por ali … a noticia correu de boca em boca, foi-lhe acrescentada uma palavra aqui, um pormenor ali e alguns dias depois toda a aldeia se referia ao assunto como o acontecimento do ano! A notícia espalhava-se tão rápido que em breve saía dos limites da aldeia. Pelo menos uma ou duas vezes foi a sua mãe interpelada por alguém na Vila, onde semanalmente se deslocava para vender produtos hortícolas, com comentários do tipo:
- “Oh Céuzinha, ando muito preocupada contigo … ouvi dizer que a tua filha mais nova está doidinha?!? Perdeu o juízo, coitadinha! Olha, leva-a ao Bento!” A mãe de Francisca, uma mulher inteligente, muito decidida, frontal e sem papas na língua, lá respondia:
- Pois não se preocupe, Ti’ Alice … olhe que quem acredita no que ela diz é bem mais doida do que ela! Então vocemecês não vêem que isso é coisa de criança? Ela vai-vos gozando a todos!”
Tinha decorrido muito tempo desde que a brincadeira começara e Francisca que de início apenas fizera uma afirmação inocente, acabaria por achar graça ao protagonismo que o assunto atingira e aproveitara para dar largas à sua imaginação e sempre que alguém se cruzava com ela e a inquiria:
- Então, Chiquinha, já viste hoje o Diabo? Ela respondia maliciosa e afirmativamente, descrevendo cenas absurdas, de modo a tornar a estória convincente! Mas agora, passados mais de 3 anos, começava a irritar-se! Os rapazotes e alguns adultos mais atrevidos însistiam em manter vivo o assunto, abordavam-na e inquiriam-na frequentemente, humilhando-a e desgastando-a.
Para grande decepção de alguns e espanto de outros, da escola não chegavam queixas. Era uma aluna aplicada. A Professora Mercedes apenas apontava alguma instabilidade emocional, a que certamente não seria alheio o ambiente em que crescia, referindo que era uma aluna de “dias sim e dias não”. Alguns habitantes comentavam com estranheza o facto de nenhuma das crianças dos “Faz-tudos” apesar de filhas dum “bêbado” não terem dificuldades na aprendizagem, havendo mesmo algumas mães que não escondiam a raiva quando viam os seus próprios filhos perder um ano escolar, chegando a manifestar indignação e acusar os professores de favoritismo. Havia também os que manifestavam admiração pelo sucesso escolar e dirigiam elogios e palavras de encorajamento a Chiquinha e seus irmãos.
Logo após terminar a escola primária, Chiquinha mostrou vontade de sair da aldeia e sua mãe, muito contrariada lá a deixou partir, primeiro para uma localidade próxima onde foi ajudante de mercearia e empregada numa bomba de gasolina, a que se seguiu um lugar de Baby sitter em Matosinhos, outro em Rio Tinto e só regressou à aldeia uns 3 anos depois, já adolescente com quase 14 anos.
Durante todo o tempo que estivera ausente de casa nem uma única vez sentira saudades! Lembrava-se vagamente daquele episódio e das consecutivas cenas de que tinha sido protagonista e as referências ao assunto eram agora feitas em surdina, entre risos, apenas por algum habitante menos escrupuloso ou mal formado. Francisca esforçava-se por ignorar, fingindo nem ouvir.
VI - Rebelião
Mas numa soalheira tarde de Domingo, surgiu de repente a oportunidade de pôr definitivamente fim ao assunto! Foi-lhe proporcionada por um respeitável habitante conhecido por Sr. Manuel Fagueirinha, a quem toda a aldeia bajulava e fazia vénias. Este respeitável Senhor habitava numa das casas mais bonitas da aldeia … um bonito solar contíguo à Igreja que pertencera a uma ilustra família e que lhe tinha sido doado por uma madrinha. Francisca não gostava deste homem barrigudo e empertigado. Já várias vezes ao passar sob a sua varanda ele lhe dirigira palavras irónicas que ela considerava impróprias dum senhor respeitável e frequentador da Igreja.
Era hábito, aos Domingos, após a missa ou aos fins de tarde alguns homens e rapazes reunirem-se junto ao grande portão da sua casa, e alguns em pé outros sentados em enormes bancos de granito ali existentes, dirigiam comentários impróprios a quem passava, deixando escapar sonoros e maliciosos risinhos. O Sr. Respeitável não só participava como incentivava os mais jovens.
Ora naquele Domingo, Chiquinha integrava um grupo de jovens a uns escassos metros dali, quando ouviu o Sr. Respeitável, em tom irónico perguntar:
- É verdade! Oh Chiquinha, diz-me lá … tu ainda vês o Diabo? E logo se ouviram sonoras gargalhadas, vindas dos vários cantos do largo. Chiquinha, em tom calmo e olhando-o respondeu:
- Sim, Sr. Fagueirinha. De vez em quando ainda o vejo.
- Não queres ensinar-me o caminho para eu também o ver? Insistiu ele ainda.
- Claro, por que não? Se quiser venha daí, respondeu Chiquinha mantendo-se séria.
O Sr. Fagueirinha, desceu do degrau da soleira do portão onde se apoiava, e pavoneando-se avançou em direcção à garota, enquanto distribuía sorrisos e ia piscando o olho em direcção dos presentes.
Em passo lento, desceram a pequena rua em direcção ao adro, onde havia mais alguns populares. O Sr. Respeitável ia aproveitando para os pôr ao corrente do destino que levava, despertando a curiosidade de quantos com eles se cruzavam, que apressadamente se lhes juntavam com o intuito de não perderem tal espectáculo. Chiquinha contornou o “cruzeiro” situado no largo do Adro e subiu por uma ruela, quase paralela à rua que minutos antes tinham descido, sempre com o Sr. Emproado uns passos atrás e estavam de novo na rua de onde tinham partido. A poucos metros dali, para a esquerda, ficava a mansão do Sr. Fagueirinha.
Determinada, agora em passo apressado, Chiquinha percorreu a distância que a separava do grande portão, esticou-se ficando em bicos de pés, puxou a argola de ferro da grossa porta de madeira e abriu-o, deixando ver uma longa escadaria em granito. Então, virou-se para trás e em voz firme de modo que todos a ouvissem, exclamou:
É aqui! O Senhor suba estas escadas. Quando entrar em casa, mire-se ao espelho!!! E ENTÃO, VERÁ O DIABO EM PESSOA!!!
Foi tal o impacto geral que por momentos toda a assistência ficou em silêncio, enquanto o Sr. Respeitável, envergonhado, esboçou um sorriso amarelo, balbuciou algo imperceptível e desapareceu atrás do portão, deixando atrás de si uma pequena multidão rindo e batendo palmas !!! eheheh.
E foi assim que a partir daquele dia mais ninguém na aldeia se atreveu a falar no DIABO. E se comentários houve, Francisca não ficou por lá para ouvir. Partiu pouco tempo depois para a capital e nunca mais voltou. Saudades nunca sentiu, boas recordações não levou, ressentimentos não guarda. Concorda com a recente afirmação duma sua Amiga … “a nossa força é proporcional às adversidades, e em condições extremas ela pode surpreender-nos a nós próprios”
Lisboa, Setembro 2006
40 comentários:
Resumo fiel de um facto verídico, relatado sem qq dramatismo ou intenção prejurativa ou recriminatória, que a lucidez e experiência de vida adquiridas, permitem, à distância em tempo e local, sem negar,ignorar, camuflar, po renegar, os condicionalismos e efeitos nefastos que lhe estão subjacentes. Apenas um "retalho de vida"
Bonito testemunho. Conseguiste transmitir toda uma atmosfera, senti-me literalmente transportada para o coração dessa aldeia.
A Francisca conseguiu provar que, apesar do itinerário pré-traçado ser o mais fácil, podemos sempre optar pelo nosso próprio caminho se estivermos dispostos a lutar para abrir novo trilho.
A nossa força, o nosso futuro, está dentro de nós.
:)*
"A nossa força, o nosso futuro, está dentro de nós"
Brigada, Amiga Alka hummm já mo tinhas dito por outras palavras :-o)
Embora orgulhosa do seu percurso, e consciente de k "cabe a cada um a escolha do seu próprio caminho", recentemente Francisca confidenciou-me sentir frustração e temor pela incapacidade em incutir esse sentido de escolha de trilho em seus filhos. Sabes como é ser mãe, fica sempre a dúvida se teremos mostramos os possíveis itenerários. 1 jinho grande
Estupefacta!!!
Como pode a xiquinha perceber que tinha que ser ela a agarrar a vida pelos cornos??? E a defender-se... ela que esperou que a cambada dos adultos tomasse tino e tento... decidiu defender-se e ainda dar uma lição à aldeia toda em peso... bah... adultos... seremos adultos ou adúlteros com as nossas crianças???
Eram outros tempos??? ou tempos destes estarão sempre presentes??? Veja-se o que homens adultos fazem às nossas crianças.... (infra animais é o que são e da pior espécie).
Graças a deus que a xiquinha resistiu aos diabos que por aí andam à solta.... e consta que continua a resistir....
Querida xiquinha, recebe o meu eterno colinho e um cafuné...
Há mais????
Queremos mais...ainda sobrou muita vida...
1 xi da gi.
Claro k há mais :-0) num disse k era apenas um "retalho"?
O desfecho de quase todos suscita risota, mas enqto durava, machucava ... fazia crescer raiva, revolta, sentimento de culpa, etc.
Mas esta gaiata era de fibra e, sabes como é ... "o que não nos mata, torna-nos fortes"
Farei entrega do teu "xi" :-)
aerá que eu conheço a protagonista????Parece-me que sim, mas privacidade acima de tudo..Adorei o tema em forma de conto para se contar `*a lareira aos netos, ainda hei-de contar aos meus, acredita, ams resumindo..a história do senhor da terra que era o mais considerado..e que levaste a conhecer o diabo que não era nem mais nem menos ele,,bem feito Coisa linda e tenho pena da nina que teve que sair de junto dos pais, para ter o seu lugarzinho na vida, ao sol como se diz..Maravilhoso, mas que lutadora essa nina era....bola..
Calhar conheces, nina laurita :-o) qtas chiquinhas não haverá por aí! Algumas a quem a luzinha nunca chegou a brilhar, a vida nunca lhes sorriu e, por isso qto potencial se terá perdido!
É fácil menosprezar o que não se vê e deixarmo-nos iludir pelo "belo", pelo "polimento" ... aquela última camadinha de verniz sabes? e, concordo k dá um trabalhão chegar à essência.
Pascoalita, não é função dos pais mostrar o caminho aos filhos.
Sei que os pais querem o melhor para eles, mas oferecer-lhes um caminho já aberto, é um desincentivo.
Devem limitar-se a dar-lhe ferramenta para abrirem o seu próprio trilho e deixá-los aprender com algumas adversidades.
O querer tudo para os filhos, só lhes retira garra e objectivos.
Eu sei...teorias..teorias...
Mas eu não tinha dúvidas: redução drástica de mesada! ;)
:-o) Ahlka! pois ...
teoria tem a chiquita muita, talvez falhe é na parte prática
Ás vezes a teoria e a prática estão correctas, mas não resistem a outras interferências....
:)*
a menina das beiras, encheu-se do primeiro capituloe dev eter visto ou o diabo ou o senhor da terra o tal do mafarrico em figura de gente, porque nunca mais aqui buliu..vamos ao resto´´´´é pois foi para onde e fazer quê????continua mana pascoalita....bola..
puxa k esta laurita é exigente! pensava k ficarias cansada de ler e vens dizer k keres mais? :-o) a chikinha é uma nina atarefada k julgas? tem de actuar em mtas frentes eheheh
já lhe pedi k abrisse um poukito mais o véu. Respondeu k tem um baú cheio de notas (não, não é dessas k tás a pensar eheheh) e promete partilhá-las connosco :-o)
Olá Chiquinha!!!!
Pois quem conta uma história destas( ou será estória?, tem definitivamente muito mais para contar!!
E tendo em conta a idade,a atitude da Chiquinha para com o Sr. Fagueirinha, é deslumbrante, é de deixar qualquer adulto sem palavras!!!!
Ao lê-la só se me ocorre exemplificar com um movimento de braço e dizer ao memso tempo "YES"!!!!!BEM METIDA!! ahahaahahhaahahahhahaha
ADOREI!É uma estória bem recheada que descreve na perfeição vivencias e costumes.
Ó Chiquinha...porque não dar seguimento a estes "retalhos de vida", com a história de Rio Tinto!!??
Vá lÁ!...devagar devagarinho a Chiquinha chega a capital....e torna-se uma senhora!!!Mas até lá há tanto para contar....
ahahahhaahahhahaahahahahaha
tou feita!!! xiuuu, assim despertas a curiosidade geral :-o)
"história ou estória"? ora aí tá uma questão. Tá a polémica instalada e enqto não se definem, escrevo como aprendi na primária. O mérito da Professora Mercedes foi reconhecido e premiado, sabes? Ora, se nem o nino formado em literatura me elucida ...
Boa ideia Africana, venham episódios do Norte!
Estamos à espera Pascoalita ;)*
Ó ahlka...."episodios do Norte"??Ma se esta mulher é uma cidadã cheia de histórias recambolescas,achas que só tem recordações nortenhas??!!!!ahahahahahhahahaha,
Nem tu imaginas!!!!Quando ela se puser a recordar por escrito, tudo aquilo que eu já ouvi recordar verbalmente...SENTA-TE QUE DE PÉ CANSAS-TE!Sim, porque até as coisas mais banais com ela tomam uma dimensão extraordinária!!
Onde é que eu já vi alguém semelhante?!
Olha quem fala! eheh por alguma razão tu dizes k devemos ser ambas "anormais", isto para não usar o termo "extra-terrestre" para não copiar a Nina Alhka k tb já tem tem uma costela assim eheheh
Um dia alguém nos disse k somos, ou julgamos ser de "casta de primeira", lembras-te? eheh
Qto a mais episódios, vou pensar no teu/vosso caso :-o)
As pessoas ditas normais, por vezes são mais anormais do que parece, mas tudo bem, vós tendes carradas de anormalidades, mas nem seria capaz de vos querer de outra menira..xi que tem gente tão desafinadinha tão desinsossinha que mete dó..e nós pelo menos estamos sempre com problemas disto ou daquilo e é isso que trás outros sabores às nossas vivências diárias, senão..já tinhamos enjoado há muito...bola..
Deixemo-nos continuar a ser "anormais" assim, né mana Bolinha?
prefiro isso a ser tão normal que parecem parvas...cá entre nós ahhhhh, adoro a nossa falta de anormalidade que nos torna únicas no mundo..se não sabiam ficam a saber...jinhos da bolinha..
princesinha mizé já reparaste que o nosso grupinho é memso especial????xi que ninas queridinhas somos e a maior parte das gentes nem nota isso..nem teem olhos de ver nem ouvidos de ouvir....bola..
enfim, somos ninas valentes guerreiras e fortes somos super xxx as ninas larges.....ou antes extra large.....e nem todos podem connosco....bola..
"...princesinha mizé, já reparaste que o nosso grupinho é memso especial??xii que ninas queridinhas somos..."
Laurita, na terra da chiquinha dizia-se assim: "gaba-te cesto que has-de ir à vindima!" eheheh
"... e nem todos podem connosco"
pudera, laurita, a gente tá cada vez mais pesada! eheh (tou a brincar, mas cá eu vou recomeçar o regime)
Nota:
Sobretudo para a Ahlka (sei k entende a minha intenção), olhem só:
num daqueles momentos em k eu e o meu rebento cassula entramos em negociações pela partilha do pc, prontifiquei-me a deixar-lho disponível sob condição de perder uns minutos a ler este texto e depois me dizer algo sobre ele.
Algum tempo depois, perguntei-lhe o k tinha achado do "conto". Eis a resposta:
"Era sobre uma miúdita doida, num sitio qq onde só moravam loucos!" :-o)
Como era óbvio k tinha entendido, ainda adiantei: "olha, pena não ser possível k tu e o teu irmão não possam viver só uma semanita naquele ambiente ... tenho a certeza k vos faria mto bem!"
imediatamente ele acrescentou: "o quê?! uma semana inteira a perguntarem-me se via o diabo?! ... xiççça, dava em doido também!!!"
ÔIÔ O RAPAZ NEM É IDIOTA AHHHHHHHHH A VER O DIABO SEIS DIAS NA SEMANA DE TRABALHO, OU ANTES CINCO..XI O MOÇO DAVA EM DOIDO E REFERIA-SE A ESTARES DOIDA TAMÉM DE O TERES VISTO TANTOS ANOS AHHHHHHHHHHHHHHHHHHH
conclusão: não ligou a mínima! quer dizer k por mais k nos esforcemos, a nossa vivência e a aprendizagem adquirida jamais é transmissível ... é preciso sentir na pele.
RETALHOS DE VIDA
APESAR DESSAS VIVÊNCIAS FAZEREM PARTE DE CADA UM, ACHO MUITO IMPORTANTE TRANSMITI-LAS AOS QUE NOS RODEIAM,COMO FORMA DE NOS DEIXARMOS CONHECER UM POUCO MAIS.
LEMBRO-ME TÃO BEM DAS " HISTORIAS" QUE O MEU PAI CONTAVA DOS SEUS TEMPOS DE MENINO,NA ALDEIA A GUARDAR CABRAS, DOS SEUS TEMPOS DE ESCOLA,DA SUA PROFESSORA, QUE TÃO MÁ FOI PARA ELE, MAIS TARDE PEDIU-LHE DESCULPA POR ISSO, DA RELAÇÃO QUE TINHA COM OS SEUS 10 IRMÃOS, COMO ENTROU NO MUNDO DE TRABALHO E COMO PARTIU PARA ÁFRICA AOS 14 ANOS, DAS POUPANÇAS QUE FAZIA PARA PODER AJUDAR OS PAIS E OS IRMÃOS...DE COMO CONHECEU A MINHA MÃE E COMO COMEÇOU A SUA RELAÇÃO AMOROSA...ENFIM, "OS SEUS RETALHOS DE VIDA"....E COM EU O OUVIA ENLEVADA!
E ACREDITEM QUE TODAS ESSAS HISTÓRIAS FIZERAM CRESCER E DESENVOLVER A GRANDE ADMIRAÇÃO, RESPEITO E HONRA QUE TENHO EM SER SUA FILHA.
Sim, belinha, mas tenta procurar e diz-me qtos jovens encontras hoje k aguentem 5 minutos a ouvir essas "tretas"
Belinha, "retalhos de vida" (ou vidas) era a minha escolha qdo pensei criar um blog só para os meus "contos" eheh
Na verdade temos mto em comum, mana .... até as ideias surgem iguais :-o)
"Sim, belinha, mas tenta procurar e diz-me qtos jovens encontras hoje k aguentem 5 minutos a ouvir essas "tretas"
??????TRETAS????
Maninhas, como em tudo na vida, tudo vai dum começar.Tudo começa de berço, se os filhos forem habituados desde pequeninos a ouvir os nossos tetemunhos, mesmo que não sejam por vezes factos bonitos de ouvir, mas que testemunhem o nosso passado, as nossas vivências, as nossas verdades,as nossas dificuldades,elas vão-lhes ficando e podem acreditar que depois até entendem bem melhor os pais que tem.
Mas para isso tem de haver DIÁLOGO.Nunca devemos esconder dos filhos as dificuldades, ou factos menos agradáveis da nossa vida, com o intuito de os preservar, de os poupar.Isso é errado!Como queremos que eles nos entendam se não estão por dentro das nossas vidas?
Pelo menos é a minha opinião.E se calhar há mais jovens a ouvir-nos do que tu imaginas, mas a inicitiava tem de partir de nós,óbviamente!
Como em minha casa isso sempre sucedeu de forma natural entre avós, pais, filhos, netos e namoradas dos netos...e nunca vi nehum ausentar-se a meio de uma conversa...ou com ar de enfado...
Achas que alguém pode admirar alguém ou respeitar se não souber do seu percurso?
Achas que isso acontece apenas dum dia para o outro, assim sem mais nem ontem!?
já que estamos a tocar neste assunto, mais te digo!!
ahahahahaahahahahaha
Deste-me muito trabalhinho para te conhecer!!!hhaahahahahaha, não entendia por vezes as tuas atitudes e até as opiniões de algumas pessoas em relação a tua pessoa e foi naquelas célebres tardes em que fazimaos piquete que começei a "estudar-te" no bom sentido da palavra, tá claro!Palavra puxa palavra, conversa puxa ocnversa e acredita que tirei muitas dúvidas e passei a entender os porquês de muitas coisas que até ali não tinha percebido.
Como vês, não foi de um dia para o outro e nunca te teria entendido e conhecido tão bem se não me tivesse dado ao trabalho de dialogar contigo!
É VERDADE , O MEU PAI CONTAVA COSIAS TÃO LINDAS E CHORAVA A CONTAR ALGUMAS...ELE ERA FILHO DE MÃE SÓ..O PAI MORREU, OU ANTES MATARAM-NO DE FORMA COBARDE ENQUANTO ELE PLÁCIDAMENTE SE ENCONTRAVA NA BARRIGA DA MÃE..TEDINHO DELE, QUANDO TIVE O NUNO E MO LEVARAM PARA MAMAR AO OUTRO DIA , COM ELE NOS BRAÇOS, CHORAVA A LEMBRAR A MINHA AVÓ COM O MEU PAI NOS BRAÇOS E TINHAM-LHE MORTO O AMANTE, POIS ELE É FILHO DE PAI INCÓGNITO..COMO ELE CONTAVA COISAS LINDAS DO PAI DELE QUE OUVIU CONTAR AOS MAIS VELHOS..A MINHA AVÓ LUTOU MUITO SIM SENHORA, ESPAÇADAMENTE IREI COMNTANDO ALGUMAS DESSAS COISAS NO BLOG PORQUE SÃO LINDAS..OS MEUS FILHOS GOSTAVAM MUITO D EOUVIR AS TRETAS...DO AVÔ E PEDIAM BIS EM MUITAS COISAS..E HOJE FALANDO NELE É SEMPRE COM CARINHO E POR VEZES RECORDAMOS AS COISAS QUE ELE CONTAVA E CONTINUAMOS POR ALI..À MESA SIM DURANTE AS REFEIÇÕES, MAIS NO FIM QUANDO SE VAI TRAZENDO OC AFÉZITO E FICA-SE ALI NA GOSTOSURA DE FALAR OUVIR......MAS PARA ISSO É PRECISO QUE ESTEJAM TODOS JUNTOS E OS MEUS SÓ AOS DOMINGOS É QUE COMEMM TODOS JUNTOS E O CLAUDIO SO ESTÁ ÀS SEGUNDAS FEIRAS, MAS PONHO A MESA NA SALA PARA O ALMOÇO O NUNO NÃO ESTÁ MAS A NEIDE SIM...MAS TRETA SAUDÁVEL HÁ SEMPRE....BOLA..
Bem, claro k percebeste k a classificação de "tretas" não era minha, né?
Mana, eu sei k é necessário ser-se inteligente para me compreenderem, como tb sei k tu és das poucas pessoas k me conhecem até aquele cantinho mais ínfimo da alma!
Por outro lado, sei exactamente onde "errei", assim como tudo o k está inerente a isso, incluindo as minhas atenuantes. Podia inclusivamente escrever um livro sobre o tema, cujo título seria "reflexos ou "choques" entre gerações. ou gostas mais de "proteccionismo ... causas, seus efeitos e consequências"?
PASCOALITA, POR MAIS LIVROS QUE SE LEIAM, POR MAIS LIVROS QUE SE ESCREVAM..NEMS ERVEM DE NADA, POIS NADA NEM NINGUÉM APRENDE A EDUCAR UM FILHO COM A CULTURA..A GENTE TEM QUE OS INSTRUIR À NOSSS MANEIRA E MAI NADA..ACHAS QUE SE TIVESSEMOS LIDO MAIS DESSES LIVROS E PRATICADO OS CONSELHOS QUE LÁ VÊM ACHAS QUE OS NINOS ESTARAIM ASSIM TÃO BEM COMO ENSINAM NOS LIVROS....E QUE TAL IR VER OS FILHOS DE QUEM OS ESCREVEU!!!!EU QUE SÓ JOGO NO EUROMILHÕES..APOSTARIA QUE MUITOS SÃO UNS BANDIDOS E UNS BONS DIABOS.........EDUQUEMOS OS NOSSOS COMO SABEMOS E COMO PODEMOS E MAIS CEDO OU TARDE DARÁ SEUS FRUTOS....BOLA..
Olha nina pascoalita, hoje se desse tempo e tivesse cacau pa encher o depósito ia buscar a ti..pa irmos as duas à tua terra consultar o senhor diabo..como ele era rico, quem sabe nos dava conselhos de aproveitar..iamos bater-lhe à pota e tudo..O pior é se ele aparecia memso ali de cornos e tudo..mau mau....bola..
um dia conto-te uma a propósito dos cornos do diabo..é linda, interessante, mas há quem diga que é verdadeira..mas depois conto..bola..
"...um dia conto-te uma a propósito dos cornos do diabo..é linda, interessante..."
Nina de Braga, essa deve ser semelhante à estória do "porta-chaves"!, não? eheheheh
era uma vez uma nina muito doentita da cabeça, ou tinha a mania que via o diabo quase todos os dias...A mãe já cheia disso, levou-a aum bruxo que a troco de alguns escudinhos, lhe disse que acabaria por tirar o mafarrico da pariga, ela que esperasse que nem demorava muito..lá lhe fez as rezas...deitou-lhe àguas bentas (em vez de lhe dar nas bentas..) e a pariga cada dia pior..deixou de comer tudo porque via o diabo passar debaixo da janela do quarto dela..tanto cismou que adoeceu de vez e já nems e levantava..estava a chegar a tardinha, as manas foram levar-lhe a merenduinha à cama e ela estava muito aflita, chorava rasgava-se toda de medo..Eis que desata a gritar ei-lo que ali vem, fehcem a janela fehcem a janela para que não entre é ele é ele o diabo em pessoa, blá blé e opor ai fora....as irmãs atemorizadas correm à janela, gritam de taerror, estava quase a anoitecer, eis que veem os cornos do diaboa a começar a aparecer, uma ainda desmaia, mas a outra mais forte, consegue olhar e sabem o que viu...os cornos do boi que ia a passar de volta a casa vindo dos pastos..era um boi enorme e os cornos apenas chegavam a meio da janela..o resto não se via..e por isso.......pobre boi que foi capaz de substituir o diabo na cabeça da moça que melhorou a olhos vistos e nem precisou de mais àgua nas bentas!!!!!!!!!dizem que foi verdade e nada de histórias...tiazinha..a tiazinha tamém sabe contar diabriçes......
heheh engraçada :-) passou-se uma cena semelhante lá na aldeia, com um rapazito de 10 anos. Em vez do diabo eram "almas do outro mundo".
Os pais correram os melhores médicos da região e o pequeno cada vez mais magrinho, quase esquelético!
No fim chegou-se à concusão k o puto tinha fome ... a avó ao cuidado de quem estava pq os pais eram emigrantes, era sovina e até o pão lhe racionava! miséria, falta de humanidade.
Este post é de 2006.. talvez nem dê mais para vc ler. Cheguei aqui por causa dessa aldeia (onde nasci). Já esqueci os rostos.. mas ainda lembro as alcunhas.. a professora Mercedes..Afinal..quem é a Francisca? Não tinha alcunha? :P
Talvez vc nem leia este post.. faz tanto tempo..
Cheguei aqui por causa da aldeia (onde nasci)..Lembro das alcunhas.. mas já esqueci os rostos. Lembro da Professora Mercedes (minha professora da terceira e quarta classes).
Afinal.. e a Francisca..não tinha alcunha? :P
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