sábado, agosto 23, 2008
Casal de São Martinho
O velho casarão bem merece que lhe dedique um post inteiro! Um passeio a Sesimbra teria de incluir, obrigatoriamente, uma passagem, ainda que breve, à Maçã e ao lugar que me liga à minha adolescência.
Passados mais de 30 anos, cheguei a pensar que já não existisse. Vista do exterior, a casa mantém quase o mesmo aspecto, mas à sua volta os sinais de abandono são muitos!!!
O terreno envolvente está coberto de mato seco, os muros com nítidos sinais de degradação e os portões reduzidos a um monte de ferro enferrujado há muito que não cumprem a sua função.
Da antiga vacaria restam as paredes, da horta e do pomar um solo ressequido, e imagino que o tanque e a pequena fonte junto à casa onde saltavam dezenas de bonitos peixes vermelhos que faziam a delícia dos mais pequenos membros da família, há muito não vêem uma gota de água.
Impressionante foi ver o então jovem pinheiro cuja caruma tantas vezes amontoei, transformado num pinheiro gigante com vários metros de altura e uma copa que deve rondar os 40 metros de diâmetro.
Das sebes que eu aprendi a aparar e que serviam de alojamento aos caracois nem um sinal, o mesmo acontecendo com o recanto, em frente à casa, onde os jovens da família se sentavam, à sombra dum viçoso caramanchão tão denso que tornava impossível a penetração dos raios solares.
Não me ocorreu confirmar se nas traseiras ainda existe a velha sineta, cujo cordel o padrinho Portela puxava fazendo o badal soar insessantemente, dando sinal da nossa chegada ao Sr. Joaquim, que invariavelmente acorria a dar-nos as boas vindas. Mantem-se no entanto razoavelmente bem conservado o banco onde a família se sentava a conversar.
Foi com emoção que encontrei alguns membros da família dos meu querido e saudoso Senhor Portela e soube notícias de outros familiares.
Daqui, à distância de 40 anos, quase consigo ver o velho Portela estacionar o seu cortina azul escuro e entrar em casa, abrindo de par em par as várias portadas das dependências, o acertar de horas e respectivo ajuste dos pêndulos dos relógios, deixando-se a seguir cair no seu velho cadeirão de couro, pronto para mais uma estadia que dependendo da inspiração criativa e do seu espírito aventureiro, tanto podia ser de um ou dois dias, como de uma ou mais semanas.
Uma curta visita que reavivou a saudade dum tempo que não volta.
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19 comentários:
Olha lá...
Não podia ser essa a casita da madrinha laura? Parece ter imenso terreno.
Eu alinho a dar uma ajuda na limpeza e na pintura dos muros.
E sempre era mais perto do que a outra, pois bem ouvi tu dizeres à tetá que fica nos confins do mundo ahahhahah
Nem fales em saudade que tenho uma lágrima ao canto do olho prontinha a saltar :((
Sei o que essa visita despertou em ti e o pior é sabermos que nunca mais voltaremos a viver aqueles momentos que nos marcaram.
A vida é assim mesmo ... há que seguir em frente.
Também sou muito saudosista e acho que depois dos 40, a coisa piora. A que se deverá isso?
xiiiiiii ganda passeio! Por mais um pouco ias ao México ahahah
Então e uma banhoca na praia dos pescadores???
Passava-te logo :)) :))
Coisas que o tempo faz cair no esquecimento.
Quanto aos medronhos, é um arbusto que se dá muito bem em jardim. É semi selvagem mas como tudo na vida se adapta quando temos cuidado. Uma coisa impressionante:- Ainda não os vi atacados com bicho.
Ai nina a cusca passou-me a perna...e eu pergunto; porque não há familiar que vá para ali viver e arranje aquilo? queria tanto uma casa e esta está às moscas e aqui perto não tenho e outros têm-nas e bandonam-nas, dá Deus nozes a quem não tem dentes....ji...
Laura,
A manutenção duma casa daquelas não é fácil nem barata. Não sei quantos hectares são, mas já antigamente era dispendioso manter aquilo habitável.
Íamos lá com frequência e mesmo assim qdo chegava o verão era preciso aparar as sebes, juntar a caruma que depois se queimava, caiar os muros, etc..
O quintal estava entregue ao Sr. Joaquim que o cultivava e utilizava a água do poço na vacaria.
Havia fruta, sobretudo laranja da baía e alguns legumes.
No verão, a casa enchia-se de vida e as crianças tinham todo aquele espaço para correr. Ontem senti-me reportada a essa época quando o avô Portela tocava o badal a chamar a criançada para o almoço ahahahah
Tinham-me dito que nascera um aldeamento na Maçã, o que de facto pude verificar, e confesso que receava que já não existisse o Casal de São Marinho.
Tirei apenas uma foto. Estava tão emocionada que nem me ocorreu avançar um pouco mais dentro da propriedade.
Fui convidada e voltar, o que tenciono fazer em breve. Espero que breve não seja após outros 30 anos.
:( :( :(
Laurita,
Ontem senti vontade de pegar na enchada e limpar aquele pasto seco, sabes?
Mas aquilo está a necessitar da força de um tractor e de uma geral.
A casa não está abandonada! Tanto quanto sei, todos os anos no verão é utilizada, razão pela qual se mantém ainda em pé.
Que saudades, mana :((
Só com esforço contive as lágrimas :((
Pascoalita, pois é, mas por vezes quando não se consegue manter uma enorme propriedade vende-se ou aluga-se o resto que ajudará nas despesas...Olha para a propriedade do béquinh e Côca...bolas, ahhh, ele diz que tenho lá o meu telhado da casinha do porco que me eprtencia do Alentejo do Monte do Mouro...se ele o diz, um dia passo-te à porta com frequência, ehhh hoje tou sonhadora ehhhe feliz. O nuno começa a trabalhar amnahã e num lugar lindo e sabes que mais; escreveu no post das estrelas como anonimo, mas mana que doçura, até me arrepiei quando li aquilo!..lê...
a neide na tá o claudio anda a passear o pé engessado, além de uma multa de 250 poor falar ao telelé..não dá d eum lado dá pelo outro e de que maneira, além de lhe assaltarem o carro e levado documentos, enfim...so dorme quando quer, e estou so com velhote, juro que s efosse pertinho fazia tacho e aparecia-te de surpresa, mas , ai mana que longe tamos...
Beijinhos de feliz domingo...
ah, ontem fui almoçar com a nina São de perto da Póvoa e eu e manel passamos um dia feliz, feliz memso a recordar a nossa vida em Angola eles também eram vizinhos de mim e dos ninos marius e leão, tão pertinho, moravam mais perto deles que de mim, mas ela lembra-se d emim ehhhhhh...são uma familia e peras!...adorei. beijinho.
Bo diaaaaaa
O Bequinho está a reconstruir tudo o que era dos pais aqui perto, mas não te esqueças de que para isso vendeu um monte no Alentejo! Provavelmente há herdeiros que querem vender o Casal de São Martinho, mas outros haverá que não conseguem desfazer-se das recordações e quando há muitas cabeças ...
O ideal seria unirem esforços e recuperar o espaço e todos usufruirem dele. Mas sabes como é, "meias só nas pernas" e agora já nem aí se usam ahahahah
Vou ler o nuno :))
dei uma resposta em "um dia em Sesimbra".
Viver, viver, saber viver e desfrutar a vida.
Beijocas....
de Azeitão
Nã conhecia esssa d emeias só an spernas, juro, há cada dito do povo... eu sei que é assim e tanto que nos dias de hoje mais vale comprar casas novas... O Béquinho tamém disse que mais de metade foi pás finanças, que larápios eles são, roubam até mais não poder quando antigamente era pagas e compras pelo preço certo e nada para finanças nem casas de estado, mas agora aprenderam e....
Já foste ao resteas ver o nosso passeio?...
Há locais assim, que nos trazem boas recordações e nos emocionam...
Jinhos, Pascoalita!
sé do cão,
Por pouco não passava também em Azeitão que mal conheço ... apenas de passagem e também já lá vão mtos anos.
A partir de uma certa idade aprendemos a valorizar mais as coisas boas da vida, não é verdade?
Bjitos
Laura,
Geralmente as coisas feitas a meias não resultam bem, daí dizer-se frequentemente que "meias" só prás pernas.
É como aquele velho ditado popular "nunca fazer filhos em mulher alheia", conheces??? Aqui, geralmente emprega-se o ditado em relação a construir ou cultivar em terrenos alheios.
ajhahahahahah o povo é que sabe!!!
jinhos
brigada, teté.
Amanhã, às 6,30 da matina, lá vou eu a caminho da barafunda da capital ... fim de férias :(
jinho
Pelo que você falou da até pra transformar em pousada ou hotel fazenda. No Brasil muitas famílias fazem isso para manter seus sítios ou adcionar renda a lugares pouco produtivos.
Um abraço.
Sim, Alves. Era uma ideia possível de por em prática.
Se fosse minha e não tivesse possibilidades de mante-la, tentaria vender parte do terreno na condição do construtor assumir a remodelação da habitação. A zona é lindíssima e muito procurada por turistas. Nos arredores já nasceu um aldeamento e acredito que esta minha ideia era viável, desde que os herdeiros estivessem todos de acordo.
jinho
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