quarta-feira, outubro 11, 2006

Angola ... minha amada





Diz quem lá volta,
que a nossa cidade
parece um fantasma
em névoa envolta..
diz quem lá foi
que não mais
nos vamos lembrar
daquelas terras..
daquele mar,
os cheiros mudaram
a maré traz detritos
as gentes choram
vivem de fome e atritos..
as casas trespassadas
plos tiros das metralhas
e o que resta de pé ...
pouco mais que muralhas.
As gentes sofrem
muito mais que antes
de quem foi a ideia,
de nos mandar embora,
para lá entrarem ...
aqueles mutantes???
que tudo mudaram ...
tudo violaram,
tudo corromperam ...
muito mais que antes!!!!
(Laura)

14 comentários:

Anónimo disse...

Olá dona Pascolaita!!!!O meu versito está muito bem engalanado pela praia da Corimba senão me engano!!! Nem sei onde a senhora desencanta tanta coisa linda!!!!Mas parece mesmo uma das praias da Corimba Ou do morro da cruz mais lá para cima..onde andavamos muito e muito e sempre a àgua a dar plo meio da perna...calçavamos sabrinhas para as conchas partidas não s eespetarem, mas que ricos dias lá passavamos ....Obrigada mana...

Ahlka disse...

Deve doer ver no que, um país rico em recursos naturais se transformou...Alguém ficou rico..

Anónimo disse...

É verdade Ahlka, ainda me lembro de um amigo do meu pai que morava lá para os lados da Cela, onde o clima era muito bom, nem muito quente e a agricultura saias-se ali às mil maravilhas, tudo que se plantava crescia, e dizia ele..Deus ainda nos há-de castigar pela preguiça de tanta gente, que tem aqui tanto onde trabalhar e a terra dá tudo!!!!e realmente , passados anos..Imbora dali que remédio, estávamos nós (sic) a explorar os pretos (segundo uns até era verdade porque há seres humanos para tudo)maltratavam bastante e tratavam-nos como bichos, cá por mim..sempre tratamos os que trabalharam em nossa casa, com amizade e semrpe demos de comer bem..Havia muita gente que só dava os restos..aos empregados, nós não..eu lembro-me de ver a minha mãe a fazer o prato da nossa lavadeira a Francisquinha, antes de levar a nossa comida para a mesa!!!!Mas aquela terra tinha e tem de tudo, mas como sempre e mais que antes..nas mãos erradas....Era linda linda enorme e viviamos perto da praia e viamos o mar da janela..só quem lá passou!!!!!!

Pascoalita disse...

era isso k dizia na pesquisa, sim Laurita. "praia do morro da cruz" :-)

Pascoalita disse...

deve doer msm, Ahlka! até a nós k assistimos de longe, cusa.
são esses recursos k vão atraindo os os gananciosos a quem interessa manter a pobreza das gentes locais e são motivo de cobiça.
Quase 3 décadas depois de se terem libertado das garras dum regime caduco e "ditatorial", onde está o desenvolvimento?

Anónimo disse...

Olá Laura :))

Como já te referi assisti ao vivo ao fim de dessa Luanda. Mortes, tiros, gritos, as pessoas a fugirem de um lado para o outro sem saber o que fazer, actos heróicos, lembro-me de um em que uma moça é atingida a tiro, e um sujeito que ia de motorizada, pára a mesma, pega na moça aos ombros e no meio do tiroteio, um carro pára e leva a moça daquele inferno de fogo. Eu estava restirado no fim da Paiva Couceiro e início da Capela Ivens, em frente à Discoteca 2000 (se a memória não me engana) ali no nosso Bairro de S. Paulo.

Há noite, balas tracejantes cruzavam os ares, atingindo aqui e ali quem no fogo cruzado era apanhado.

Os prédios do nosso bairro, estavam todos cravados de balas e obuzes faziam grandes buracos nas paredes.

Uma mãe negra fugia com o seu filho do B. Operário para o Sambizanga e quando passou por mim disse: «"Minino indipendência" assim não».

As pedras marcavam lugares na padaria, olhos de ódio, entre etnias que nunca se deram, era o suficiente para que mais um corpo rolasse na estrada.

A tudo assisti e a tudo resisti pensando que quando a guerra civil terminasse voltaria tudo à normalidade, engano meu. Barcos e aviões tudo foi aproveitado para fugir à selvajaria. Mulheres violadas e trespassadas, homens abatidos e cabeças cortadas, tudo o que era horror e ameaças sem fim.

A tua Luanda, a nossa Luanda morreu, não penses mais nela, essa faz parte do teu imaginário.

Esta praia, e todas outras praias, o nosso bairro e todos os outros bairros, o nosso cinema e todos os outros cinemas, as nossa ruas e todas as outras ruas morreram, delas só nos resta a lembrança que quando meninos e moços calcorreávamos esses mesmos lugares com um sorriso nos lábios e o coração cheio de venturas.

Para recordar, coloca as tuas mãos e sente esta "nossa" S. Paulo de Assunção de Loanda.

http://marius7o.no.sapo.pt/Loanda.wma

Tudo de bom

Anónimo disse...

Olá marius..

Eu sei mano amado!!Esteja ela como esteja, os nossos corações nunca a abandonarão!!!!Fez parte do nosso mais lindo viver!!!!Éramos felizes, viamos a familia bem, tudo bem, os amigos ..a nossa vida estava ali.Aqueles anos ficarão para sempre na nossa Alma, e por mais que tentemos descrevê-la aos amigos, eles não entenderão, o fascinio que nos provocava o amor àquela terra hoje tão distante!!!Ela não tem culpa, de tudo o que aconteceu, é a menos culpada!!! Culpados foram todos, que, mesmo em pensamento, nos desejaram o que aconteceu!!!!Podem rir-se à vontade..Perdemos, perdemos sim, não apenas a terra que amamos, mas as vidas que construimos, devagarinho, sem ganâncias, sempre com o objectivo apenas (nós) de podermos construir uma casinha simples, para lá vivermos..o tempo das nossas vidas!!!Mas a vida é que sabe,ela é que leva nossos passos, e nós apenas temos que seguir o caminho...Eu sei que a vou lembrar sempre menina e moça, e como nunca lá voltei, recordá-la-ei como a conheci..Um amor demulher!!!!!
um beijinho a todos, da

Pascoalita disse...

Bom dia, Amigo marius :-)cá estou eu, prontinha para iniciar o último dia da semana, hoje 6ª feira 13, a que se seguirão 3 diazinhos de descanso (seguna feira não venho)
foi com muita emoção que li este teu testemunho dum período que desejamos nunca se repita. 1 beijo

Anónimo disse...

Tá aqui um Anjo Pirilampo, é o que parece pois acende a luzinha dele no peito, e eu em pequenita na Pontinha, ia com a familia casas Fernandes à fonte buscar àgua fresquinha, até levávamos uma bilha cada um e eu tinha uma pequenita..e os pirilampos brindavam-nos sempre nos dias de verão e era de noite, são os bichinhos mais amorosos que conheço, apenas porque dão luz....Por vezes o Óscar e o Fernando punham uma moeda debaixo da minha almofada e diziam quando estavamos para chegar a casa que os pirilampos tinham ido lá, claro de faziam isso antes de chegarmos e eu..acreditava pois e ficava tão agradecida e punha no mealheiro....Lindo anjinho mas Pirilampo.....

Pascoalita disse...

Laurita, qdo descobri este "anjo" na net, com 2 antenitas (vê-las?) enviei-o à minha Amiga Grilinha pq na altura ele estava mto necessitada de protecção ... chamei-lhe então "anjo grilo" :-)
o nome "anjo pirilampo" seria igualmente adequado, mas para mim será sempre "anjo Grilo" eheh
O meu Amigão, Márius já me mandou as dicas necessárias e logo k me dê jeito, irei lá colocar o nome eheh

Pascoalita disse...

ainda a propósito de imagens, e seguindo as dicas do Marius, coloquei o nome daquela imagem dum "trio".
Na hora não me ocorreu nome mais apropriado, mas vou tentar pensar. gostas?

Anónimo disse...

Se doi Ahlka,suponho que essa dor seja extensiva a qualquer africano.E não é que essa dor permanece para sempre!?
A dor da saudade,a dor de ver a destruição, no que aquele país era e no que se tornou...Como tu mesma dizes...Alguém ficou rico..
Não vivi em Luanda, mas lembro-me de ouvir dizer a um primo meu que lá estava a estudar na faculdade, que nessa altrua, estiveram debaixo de fogo 3 dias e estavam cheios de fome,ao terceiro dia quando vieram a rua, a primeira ou única coisa que encontraram para comer foi um bolo de aniversário!
A minha cidade, Benguela, não foi tão massacrada segundo dizem,mas sofreu a degrdação natural de 30 anos e obviamente que deve la ter muito que refazer!Talvez seja essa visão degradada que faz com que não sinta essa vontade imensa de lá voltar.Prefiro lembrar-me dela assim como a deixei...

Anónimo disse...

Angola minha amada sim!!!!Ontem veio cá a casa um vizinho da rua ao lado, que esteve comigo na casa de amigos e que entrava muitas vezes no supermercado do pai da Ligia ahhhhhh, o mundo é pequeno, mora aqui perto e convidei-o a vir cá lanchar com a esposa..Uau, quando o vi, meu coração estremeceu...Eu já tinha estado perto daquela cara, daquele leãoverde, que ia vezes sem conta a casa da D Lina onde eu muito ia..Conhecemos montes de gente que fazia parte do nosso dia a dia!!Emfim, foi um dia de alegria, e adorei cada bocadinho que passamos juntos, a desfolhar o livro das recordações....E claro, acabei de lhe mandar em verso o que se esperava!!! Desde que o mano dele Marius o romano, nos apresentou...e o tempo fez-se curto..
e o hoje chegou...
Inté!!!que enfim, mas valeu a pena!!!!
Por isso obrigada Pascolita, que por tua vez me trouxeste o Marius, que por sua vez e por casualidade (será que há casualidades??) é mano do leãoverde...e por isso estamos aqui..e ..para a semana haverá mais..mas entretanto fica no segredo dos DEUSES!!!!Entretanto..Ai uê minhá Angola distante...

Anónimo disse...

Deu-me outra vez saudade
dessa terra tão querida
essa terra tão amada
que sem ela nem sou nada
sou apenas uma alma
que se sente sempre
abandonada!!!!