quarta-feira, março 05, 2008

A Panela de ferro, hoje elemento decorativo ...



Dando continuidade a lembranças da minha infância, hoje é a vez da famosa panela de ferro fundido, também conhecida por panela de 3 pés.

Ainda me lembro delas, de vários tamanhos, estrategicamente colocadas à volta da fogueira, na cozinha, tanto na casa dos meus pais, como na dos meus avós, assim como em todos os lares da aldeia!

Ainda recordo o sabor dos alimentos assim cozinhados e do agradável ritual à hora das refeições.

A pouco e pouco foram surgindo novas tecnologias e actualmente raras são as pessoas mesmo nas aldeias que não se renderam aos modernos utensílios de material mais prático e apelativo, abandonando quase por completo a tradicional panela de ferro.

Há já algum tempo que penso adquirir um destes exemplares para ter em casa como ornamento. Cheguei a pedir à minha sogra que me cedesse uma, mas acontece que à medida que se vão tornando inutilizáveis na cozinha, é-lhes imediatamente dada nova função ... assumem o papel de "vasos" ostentando belas espécies de plantas e flores decorando varandas, balcões e alpendres!

Resta-me a opção de adquirir uma nova, o que está fora de questão ... só uma panela assim como a da imagem, usada e repleta de recordações, serviria os meus objectivos.

24 comentários:

carvoeirita disse...

Olá Pascoalita!
Obrigado pela visita!!
Eu também cresci numa aldeia com todas estas lembranças de que falas..
Vou fazer-te uma pequena correcção se não te aborreceres: A panela de ferro não estava na lareira, era no BORRALHO!!Na tua terra não se chamava assim?
Lembro-me tão bem! Eu tinha uma cadeirita pequenina e encostava os meus pés no borralho e com a tenaz ia remexendo no lume horas e horas como num encantamento!!!
A minha avó ralhava"Estas a mexer no lume vais fazer xixi na cama.."
he!he!
Obrigado por me teres feito recordar..
beijinhos

Pascoalita disse...

ahahahahah claro que jamais me aborreceria, antes pelo contrário fico-te grata :)

No borralho pois claro ... se me lembro! Mas na Beira Alta também se chama lareira a todo aquele espaço amplo onde se acende a fogueira sob lages e que nada tem a ver com as modernas lareiras que nós conhecemos.
Creio que o borralho são as brasas depois da lenha adirda, não?

Obrigada por teres por cá passado
jinhos

Pascoalita disse...

As minhas melhores recordações associadas à lareira ocorreram bem mais tarde, já casada, na casa dos meus sogros tb na beira alta, onde algumas vezes passava 1 ou 2 dias por altura do Natal.
A minha sogra tendia as filhós sobre um pano branco colocado sobre os joelhos que a seguir eram fritas exactamente à lareira, num largo "caldeiro" cheio de azeite que pendia preso nas ... "cambalheiras(?)(se não me engano assim se chamava a grossa corrente de elos em ferro presa no tecto) enqto nas várias panelas se ia cozinhando a ceia da família :)

carvoeirita disse...

gostei tanto do teu blogue que já te roubei duas receitas!!!

Não o borralho é mesmo o local a que hoje se chama lareira..mas se calhar diverge de local para local.
beijinhos..e desculpa lá o furto :D

Cusca Endiabrada disse...

Eu sei! Na terra da minha avó essa corrente enorme em ferro são "as cadeias" e era por elas que o "pai natal" fazia descer os nossos sapatos contento enfiados os nossos presentes eheheheh

Parisiense disse...

Pois quando cheguei de Angola tambem me deparei com uma lareira assim na cozinha da minha avó......ela fazia quase uma parede inteira, com grandes pedras no chão onde estavam 3 panelas dessas e uma boca de chaminé onde se penduravam os salpições e presuntos a defumar......
Isso faz-me lembrar as maroteiras que eu e as m/primas faziamos á noite quando ficavamos a ver televisão e a avó ia para a cama....
roubavamos um salpicão picotando a tripa e deixando o fio ao dependuro como se tivessem sido os ratos.......e a m/avó que claro os tinha todos contados quando dava conta dizia....."estranho não sabia que agora os ratos tinham asas e comiam os salpições de baixo para cima".....esperta a velhota.....ignorantes estas netas que ela tinha....ahahahahaha
Boas recordações....
Jinho

Rafeiro Perfumado disse...

Por acaso ando à caça duma assim, para guardar as brasas da lareira!

Pascoalita disse...

Ora, carvoeirita,

o que é meu é meu, o que é teu é nosso" mas eu reformulo ... o que é meu, é nosso eheheheheh

Fico contente por ser útil

parisiense,

Já me ri à conta dessas netas matreiras mas não o suficiente para enganarem uma ansiã experiente ahahahahahah

Além disso fizeste-me lembrar uma marotice que tb eu fiz por volta dos meus 15 anos e que por sinal até já aqui falei há algum tempo atrás. Ia descreve-la aqui de novo, mas acho que dará um belo post um dia destes eheheheheh

Anónimo disse...

Boas recordações.
...também passei os pés pela fogueira que depois de ardida deixava o tal borralho, na lareira, esse era o lugar onde se faz a fogueira. isto na minha terra. também a comidinha feita na panela de três pés, lá na minha territa chamam pote, ainda hoje a minha mãe aproveita o lume aceso todo o dia para cozinhar muita coisa nesses potes. poupa energia e faz uma comida deliciosa. e falavas tu nina pascoalita nas correntes que pendiam na lareira. em minha casa era e é, a cremalheira. lá ficavam dependuradas as panelas de cobre onde se faziam as compotas e lá fiva também o assador de castanas no tempo delas.Também o funeiro lá secava e, como alguém aí disse, eu e os meus irmãos iamos às linguiças que secavam, nas noites em que supostamente ficávamos a estudar, o problema era qdo em vez de cortar uma linguiça nos enganávamos e lá cortávamos todo o fio(baraço) que as segurava....grande estardalhaço que acabava com o nosso petisco em segredo no silênci da noite.
Hábitos que a modernidade dispensa, mas que a memória não apaga. Teve um bom sabor este cozinhado de recordações.....continua, assim espicaçar as memórias ....

Pascoalita disse...

eheheheh o que eu me rio a recordar certos termos que há décadas não ouço e que variam tanto de lugar para lugar (hábito velho que praticava aqui com um colega hoje aposentado eheheheh)
mas esse termo "cremalheira" nunca tinha tinha ouvido ihihihihihih na casa dos meus pais mantinha-se sempre pendurado o "caldeiro da vianda do porco ou reco) onde se passavam os pratos da família para aproveitar as gorduras, seguindo-se depois a lavagem propriamente dita.
Só em alturas especiais ali se prendiam outras coisas, como o assador das castanhas, o panelão da matança do porco.

Com as brasas do borralho enchiamos as escalfetas que levávamos para a escola com que era suposto aquecermos os pés mas que 20 metros depois de sairmos de casa já estavam apagadas eheheheh

Ah! o borralho tb servia para o meu pai assar directamente a sardinha que "roubava" ao quarteirão que a minha mãe mantinha na terrina a tomar de sal e destinada a fritar para toda a família;

Por vezes, chegavamos com algumas castanhas que enfiávamos no borralho e ficávamos ansiosos à espera ... era cada salto e tamanha decepção qdo elas rebentavam espalhando a cinza e ficávamos de boca aberta a olhar sem lhe sentir o sabor eheheheheh

Visto assim à distância no tempo, acabam por ser boas lembranças no meio de outras que evito recordar.
Um beijinho e um xi-coração a ti, empregadita

Laura disse...

nina pascoalita, a minha avó ainda tem na lareira os pottes, bem, na lareira já não, ams na prateleira ao aldo, em cima d apedra, os enormes potes que se punham ao lume sempre para etr água quente para o que fizesse falta e a avó tirava dali a água para cozinhar já quentinha, para o banho de quem precisasse, e a comida era toda feita ali, eu adorava ver a avó e as tias de roda deles, a pisar o batata da sopa com um grande garfo e uma escumadeira, a meter as couves, mas que belas comidinhas as tias e a avó faziam... e muitos potes estão no jardim com flores, a minha tia adora flores e tudos erve para as plantar...
jinhos pa ti.

Laura disse...

ah, a minha avozinha tinha umas sertãs de pernas altas, fazia um creme com leite das nossas vacas, ovos e farinha de trigo, que o moleiro moia no moinho e as tias traziam à cabeça, depois deitava com um pucaro, aquilo cozia ans brasas e depois ficavam numa travessa, muitas muitas, ela sentadinha à lareira num banquinho e metia carqueja por baixo para ir atiçando o lume, e depois enrolavamos e eu punha açúcar, mas que bom, sãoa s panquecas de agora, ams o gosto não o consigo por, só as dela sabiam assim, tão bem...

Pascoalita disse...

Sim, havia certãs com pés e também havia tripés onde se colocavam as que os não tinham e evitar que as mães se dobrassem tanto, taditas eheheheh

E a água? não era transportada em cântaros de zinco? Na minha casa havia um espaço próprio na parede a cerca de 1 metro de altura, onde eram guardados os cântaros em fila (não me lembro o nome disso eheheh)

Adrianna disse...

Recordar é viver eheheh
Mas que divertido!!!

E quando chegávamos da escola gelados? As vossas mães também vos aqueciam as mãos colocando-as nas suas axilas?
A minha dizia recomendava-nos que, qdo estavam muito geladas não devíamos aquece-las logo à lareira para evitar as frieiras eheheeh

Xiiiiii agora lembrei-me das frieiras que todos os anos ficava com as orelhas, dedos das mãos e pés quase em frida.

Teté disse...

Hummm... destas panelas não me lembro, mas também acho que devem ficar bem com umas plantinhas a ornamentar.

Mas lembro-me de ferros de engomar a carvão (Laurinha, não me gozes, OK?) que a bem dizer hoje também são peças decorativas e até dão lindas floreiras...

Mas as recordações são assim mesmo, não é? Vamos juntando umas e outras, construindo um puzzle e, de repente, partilhamos uma vivência, experiência, conhecimento, que nos parece bom... :)

Jinhos e bom fim de semana para ti, Pascoalita!

Laura disse...

tété; longe d emim gozar-te... é que eut enho na barriga a recordação d eum desses ferros a carvão que a avó tinha e como gostava de passar a ferro, era verão, estava toda fresca, e zás, até sentoi o chiar da carne a queimar..apre...

Laura disse...

e iamos buscar as brasas na lareira e mais dia menos dia teremos de voltar a afzer isso, a electricidade vai subir tanto que muitas senhoras terão de voltar aos velhos tempos...quando for para a minha casa no monte vou fazer o possivel por viver como antigamente, de lareira potes e ferro a carvão..ora bamo lá a bêre...

Pascoalita disse...

Tinha dito que escreveria um post sobre o assunto, mas falta-me a pachorra e vai mesmo aqui a tal marotice de que vos falei ...

Ainda não tinha completado 15 anos, acabadinha de chegar de trás do sol posto, daquele sítio onde judas perdeu as calças, creio que nunca tinha tinha visto daqueles famosos melões "casca de carvalho".

No fim do verão, o meu padrinho, um querido bonacheirão com mais de 70 anos, comprou alguns com intenção de os guardar até próximo do natal como era seu costume.

Eu, abelhuda e incapaz de conter tanta curiosidade lembrei-me do que tinha visto fazer tempos antes a um vendedor de melão na feira lá da minha terra.

Com a ponta duma faca, cortei um quadrado fundo na casca do melão, espetei-a no centro do dito quadrado e extraí o pedaço, papei o "miolo" e voltei a tapar o buraco!

Devo dizer que estava super verde, mas na minha ingenuidade achava que continuaria a amadurecer eheheh

Voltei a colocá-lo no mesmo sítio, uma prateleira em "V" sob a mesinha do telefone que havia no corredor junto à cozinha e não m´pensei mais no assunto ... tinha satisfeito a minha curiosidade ahahahah

Algum tempo depois começou a aparecer água no chão do corredor e é claro que o padrinho foi averiguar! Mal deitou as mãos ao melão, caiu no chão "a prova do crime" !!!
Já não me lembro do que constou o responso, mas ainda recordo como me fez sentir estúpida e envergonhada!
Bom final de semana
Jinhossssss

APO (Bem-Trapilho) disse...

é uma peça linda! a minha tem algumas e pelo menos uma ainda está a uso! :)
bjinhos

Ahlka disse...

Tive uma, durante muitos anos, tamanho XLL que era usada para os casamentos "do antigamente":)

Ahlka disse...

Agora li o teu comentário que me lembrou o que eu costumava fazer em criança:
Abria os pacotes de bolachas,sortidos e outras guloseimas, comia, mas depois pesava-me a consciência e deixava ficar sempre um para quem viesse depois, fechando novamente a caixa.
Era a minha 'assinatura'.
A minha mãe passava-se «ao menos, acaba e deita fora a embalagem que só fica aqui a enganar!»

PS. O teu Judas perde as calças?
O meu perde as botas! :))

Pascoalita disse...

ahahahahahah

Ahlkinha, o meu JUDAS é mais debochado! Já vai nuzinho da silva ahahahahah

songohan disse...

Eu tenho 3 panelas muito parecidas com essa que comprei no verão deste ano.

Na mais pequena faço sopa à lareira. A sopa de agrião fica deliciosa (e eu sou um desastre na cozinha).
As outras 2 servem para os meus pais fazerem alguns dos pratos que eles sabem fazer... eu cá já fazer a sopa é uma coisa excelente (faze-la no fogão não dá um resultado tão bom)

Se quiseres o site onde comprei, manda-me mail que eu indico-te o site. Até pode ser que mores perto da loja pois é aí para o norte (sou de lisboa).

Anónimo disse...

É lindo ver que todos se recordam destas coisa bonitas da nossa infancia.
Não me lembro nem dos meus avós fazerem comida numa panela destas,mas sim o meu pai em pleno seculo XXI, fazer renascer eses sabores da comida portuguesa HUI HUI tão bom ....
Hoje com quase 29 anos, juntamente com amigos no estaleiro de lenha cozinhamos belos petiscos numa panela de 3 pés ou panela de fero fundido, que alberga 14 litros de comida. Todos os fins de semana cozinhamos novas receitas e relembramos os tempos antigos dos pais e avós e dificuldades que viveram.
Só quem prova é que sabe o bom sabor. Só tem um contra; é demorar algumas horas a confecionar.

Comprem e experimentem, não se irão arrepender.

Bruno Morais