segunda-feira, agosto 10, 2009
Blogagem Colectiva "Festas e Tradições"
Este pequeno texto é o meu contributo na Blogagem Colectiva promovida por Susana Falhas, no Blogue "Aldeia da Minha Vida". Todos os textos podem ser lidos AQUI. Participe votando no que mais lhe agradar.
À semelhança do que acontece com muitos "citadinos" oriundos do interior, o apelo ao regresso às raízes levou-nos a adquirir uma pequena moradia com quintal, em Alcainça, Concelho de Mafra, para nos refugiarmos aos fins-de-semana e nas férias.
A festa local em honra de S. Miguel de Alcainça ocorre anualmente em Setembro, mas os habitantes estavam mais envolvidos com os preparativos da festa da Freguesia vizinha, que se prendiam com o culto da imagem da "Senhora da Nazaré" de que eu nunca ouvira falar.
Trata-se do Círio da Senhora da Nazaré que circula pelas 17 Freguesias do Concelho de Mafra, sendo a festa a cargo da freguesia que a recebe e na qual se mantém até ao ano seguinte. Todos os anos a imagem é transportada em romaria de uma para outra freguesia, algumas distando vários quilómetros, obrigando a um cortejo moroso de coches, cavalos e pessoas a pé, chegando a demorar várias horas. Durante o percurso os "anjos" cantam as "loas" e as estradas enchem-se de devotos e um dos actos mais significativos tem lugar à chegada, em que o pároco eleva a imagem no ar mostrando-a à população. A festa prolonga-se por 10 dias ou mais!
Alcainça era apenas ponto de passagem da imagem que se deslocava da Freguesia da Enxara do Bispo para a Igreja Nova, facto que se repetirá no próximo mês de Setembro. Da festa ocorrida alguns anos depois em Alcainça, retenho poucas lembranças dignas de nota, mas o brilho das velas e lampiões a incidir nas pétalas das flores que cobriam a estrada, as pessoas ajoelhadas no alcatrão a rezar e os lamentos dos mais idosos que prevendo ser aquela a sua última visão da imagem se despediam acenando com lenços brancos à passagem do cortejo, constituíram um cenário que ficou gravado até hoje na minha memória. Portugal continua um país rico em tradições religiosas!
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18 comentários:
Pascoalita.
Fervorosa devota, não se ajoelhou à passagem do andor, com receio de deitar os joelhos abaixo e consequentemente lá iam os "colans".
Gostei, gostei do conto.
Biquinhos
Olá Pascoalita!
Cá estamos nós na blogagem colectiva!
Confesso-te que esperava que falasses de Trancoso, a tua terra natal, mas surpreendeste-me, com esse quadro religioso, que me fez relembrar aquelas senhoras em Fátima, que com sacrifício rezam , andando de joelhos, ou até rastejando pelo Santuário acima...
Tens razão quando dizes que o nosso País ainda tem ligações muito fortes com as tradições religiosas. Algumas são bonitas de serem admiradas, outras transmitem ( a meu ver) uma sensação de grande tristeza...dor...que me faz arrepiar, com tamanha mistura de sentimentos...
Gostei muito do teu texto, como tantos outros que estão lá na aldeia.
E a escolha vai ser difícil para a Olho de Turista...as férias vão ajudar a reflectir...
Olha tu por acaso conheces a cusca?
Tenho andado à procura dela...a marota ainda não apareceu para reclamar do prémio que ganhou no passatempo da semana passada...
Se tiveres alguma pista,diz...
Bjs Susana
Bem, o Povo precisa de distração e enquanto anda em Procissão, não anda a pecar...pelo menos eu não vou em cantigas e nunca fui na procissão das velas, aqui também as fazem, mas, não ligo muito...e nem sabia dessa tradição..beijinhos e vai tu atrás deles com este calor...ufa, ufa...laura.
As festas que recordo melhor eram lá no Norte, com procissão (sempre tive pena de não ir de anjinho, mais pela máscara que por outra razão...), feira, cabeçudos e gigantones (estes eram uns fulanos que andavam em andas).
Em Lisboa nunca fui a nenhuma, excepto ao Santo António, mas essa é popular e não religiosa. E mesmo assim, não para ver as marchas, mas para ir comer sardinhas e beber uma cervejolas... :)))
Beijocas, nina!
Olá, Zé :)*
Naquela altura, já lá vão 17 anos, e pelo facto de ter saído da aldeia na pré-adolescência e de me manter afastada desses costumes, foi impressionante observar a devoção daquele povo.
jinho a ti
P.S. Já li o teu texto e está giro.
Susana :)*
Por estranho que pareça, tenho muito pouco para contar sobre festas e tradições do meu concelho!
Creio que o facto de ter saído da aldeia tão cedo, teve muita influência na minha formação a todos os níveis, incluindo o religioso.
Depois, por razões que não vêm agora ao caso, o meu psíquico desenvolveu a capacidade de estabelecer um "corte com o passado" para me preservar de memórias negativas e assim me permitir crescer, emocionalmente, minimamente saudável.
Digamos que as minhas boas recordações de infância e pré-adolescência são nulas, como se tivesse começado a viver aos 15 anos, entendes? Mas sempre fiz questão que isso me afectasse o menos possível.
Afinal Trancoso é uma bonita cidade (aldeia histórica cheia de tradição) e é de louvar todo o teu empenho em divulgares culturalmente.
Um beijo
Mizé
Laura,
Muito sinceramente, apesar de ter recebido boas noções de caris religioso em criança, assumo-me "católica não praticante" e por norma acho um desperdício as avultadas somas gastam na maioria das festas.
No entanto, tenho de reconhecer que o mundo era mais fraterno e humano quando praticavamos os ensinamentos cristãos.
Um beijo
Teté,
Quando a Susana lançou o tema, pensei escrever sobre uma das festas que me são mais familiares e que ocorrem no norte numa zona que ela conhece, Marialva e Barreira do concelho da Mêda,Guarda.
Mas para além de ter participado uma ou duas vezes nas respectivas processões, pouco sei sobre as tradições de cada uma. Teria de me munir de informção e o tempo é curto.
Mas a Susana despertou-me curiosidade, o que já é bom.
Jinhos
Pascoalita:
Não imaginava ... lamento que não tenha sido fácil a tua vida de meninice...mas sempre há um lado positivo da coisa: digamos que tiveste uma oportunidade para renascer aos 15 anos, com uma vida nova.
Agora,que a Laura falou, também concordo, mas é a cultura portuguesa, e principalmente das aldeias pequenas, que tiveram uma educação religiosa e seguem à risca o que aprenderam... Assumo-me também como católica não praticante. Aos 19/ 20 anos decidi não praticar a religião católica e comuniquei à família...não imaginas, a confusão...a minha mãe não aceitou lá muito bem...
Mas respeito e admiro a devoção dessa gente, capaz de tudo para cumprir promessas feitas em momentos de desespero...em busca de milagres. E tenho observado que essa devoção torna-se cada vez maior, à medida que a idade delas avançam...
Olha pascoaltita, já foste ver os comentários que estão lá na aldeia, dedicadas ao teu texto? Dá uma espreitadela e já agora participa, comentando e votando!
Bjs Susana
olha olha ...
a pascoalita virou "papa festas" eheheh
Então pelo que dizes a próxima romaria é já em Setembro?
Se a senhora da nazaré é tão milagrosa assim, tenho um pedido a fazer-lhe. Ajudas-me?
Conta aí como faço para ir no cortejo, tá? (mas nada de me ajoelhar, porque eu não esqueço aquele aviso:
"se ajoelhar, tem de rezar" eheheh
dentadinhas
Festa que é festa tem de incluir chouriço, presunto, couratos e copos, muitos copos!
E claro que não podem faltar os foguetes ... muitos foguetes a fazer "pum pum" o dia todo e "fogo de artifícioo à noite e no dia seguinte a malta toda ab anando o capacete ... isso é que é FESTA!
Olha, recomenda ao organizador da blogagem colectiva que deixe entrar este pobre mexicano (em tempos tarado mas convertido, emancipado e legalizado "portuga") senão não há voto para ninguém
:) :) :)
Ai aminha próxima romaria é este Domingo a S. Martinho do Porto ter coma PIpinha e conhecer a nina ritinha a angel of ligth, vai ser um Domingo para recordar...
isso é que são férias descansadinhas... e a minha romaria preferida, de resto, acredita que nem é por mal, mas não me meto nessas festas, talvez porque não tenho familia espalhad apor ai,s ei lá..Beijinhos..laura
O pico alto das Festas é sem dúvida o mês de Agosto, razão porque eu opto por esse mês para trabalhar e assim usufruir da cidade com menos poluição sonora e menos balunça.
Vão lá vocês dar à perninha nessas festas enquanto eu curto a minha capital lol
Se arranjar um tempinho, prometo passar lá pelo bairro onde decorre a votação :))
Caro Mexicano: Esteja à vontade ! Pode participar! A cusca anda lá mas não morde!
Cara Pascoalita: não sei porquê mas os teus amigos andam envergnhados ou têm medo da cusca? A contar pelos amigos que deixaram comentário aqui, deviam votar por ti, também, não achas?
Olha tenho uma mensagem para ti no correio ...tenho alguma urgência na resposta...
Bjs Susana
Não susaninha, a laura já lá foi e e saiud e lá sem comentar porque o rais do blogue não ata nemd esata, ontem foi a emsma coisa, amanha d emanhã volto a tentar...ou está carregadod e mais, mas nem consigo abrir aquilo, comento e fica ali a olhar sem entrar o comentário...beijinhos.
Eu acho que a religiao nunca foi o meu forte .
mas , "BENDITO SEJA SENHOR"
Pascoalita:
As tuas palavras valem muito para mim! Sei que nas Beiras, por vezes as pessoas beirãs não atribuem o devido valor à sua terra, talves porque estão habituadas a contactar diariamente com a realidade, a cultura...ou mesmo pela baixa auto-estima que possa existir, face a problemas como a desertificação, a emigração, o nº reduzido de empregos ou a baixa inicaiativa empresarial...
enfim...por vezes é preciso conhecer e viver outras realidades para sabermos que existe uma verdadeira riqueza nessas lindas terras da beira, que merecem a nossa atenção,( e não só,todo o nosso país).
A começar por mim: foi preciso sair, estudar, viajar, ver outros mundos para descobrir que afinal a nossa terra é linda, com os seus castelos, a sua cultura, a sua História,~que tanto dignificou o nosso país.
Acho que foi esse o sentimento que despertei à Pascoalita. Se foi, é uma vitória para mim, pois é o sentimento de orgulho pela nossa terra que deve estar presente em cada um de nós.Seja beirã, alentejana, algarvia, minhota, transmontana...enfim...o importante é sermos portugueses e sentirmo-nos como tal.
Desculpem esse comentário, mas é um desabafo.
Um grande beijo para ti!
Bom fim de semana!
Um texto despretensioso, muito bonito e escrito de um jeito muito ao meu gosto! O mais importante que caracteriza um festejo e romaria foi aqui dito!
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