Hoje posso afirmar com segurança que está francamente melhor, mas a coisa esteve muito complicada!
Na passada Quinta feira ligou-me dizendo que não estava nada bem. Cerca de 5 ou 6 dias antes tinha apanhado uma molha, 2 dias depois sentiu-se ligeiramente constipado e passados 2 dias começara com as primeiras dores de garganta que lhe apanhava e o ouvido esquerdo.
Tinha subido ao andar de cima onde mora a madrinha que lhe dera antibiótico (Clamoxyl) , anti-inflamatório (ananase) e começara também a tomar analgésico (ben-u-ron) mas as dores continuavam insuportáveis. Ao fim de 48 horas a tomar o anti-biótico, continuava sem conseguir engolir e sem conseguir falar! Estava a fazer uma alimentação líquida e não via melhoras.
Convém esclarecer que até Dezembro passado o meu filho tinha direito à ADSE e aos SSMJ como nosso dependente e sempre recorreu a médicos da especialidade que necessitava no momento.
Hoje com 26 anos, apesar de continuar a estudar (a fazer o mestrado em "teorias da literatura") e obviamente a nosso cargo, perdeu todos os direitos. Por outro lado, como mantém a residência dos pais, porque a opção Lisboa é temporária, receei aparecer num Domingo num hospital civil, pelo que o fui buscar e levei-o ao hospital de Mafra.
Na minha ignorância, pois tenho sido uma privilegiada, na medida em que nunca tive necessidade de recorrer aos hospitais civis, quando procedia à sua inscrição no guiché e me perguntavam do que se queixava, referi que o Nuno precisava de ser observado por um médico otorrino, tendo-me sido informado com alguma ironia que ali não havia "médicos de especialidade"!!!
Foi chamado para observação no minuto seguinte, e como o rapaz não articulava palavra, entrei com ele e fui eu que expus a situação. O médico, aparentando estar ali contrariado, apressou-se a ordenar que devia ser o doente a dizer do que se queixava. Referi-lhe a dificuldade que ele tinha em falar e mal eu lhe disse que o rapaz estava há 3 dias a tromar antibiótico, mostrou-se indignado!
- "Mas quem lhe disse que ele precisa de antibiótico??? Se isto é viral ..." Expliquei-lhe que já tinha falado telefonicamente com um médico de clínica geral amigo e que este tinha achado o procedimento correcto. De novo, com modos agressivos, disse-me:
- "Ah! O meu colega sem lhe ver a garganta, disse-lhe que fazia bem tomar antibiótico" Já viu o edital que está na porta lá fora sobre os perigos da "auto-medicação" ???
Em relação a isso só lhe disse que no meu entender as coisas se iriam agravar e muito! Não obviamente por culpa dos médicos, mas devido às medidas que o governo vem tomando. Tendo-nos sido vedada a possibilidade de recorrer aos médicos em quem nos habituámos a confiar durante mais de 30 anos, o mais certo é optarmos pela auto-medicação e só em último recurso recorreremos aos hospitais civis. Num momento mais quente ainda lhe perguntei se a sua função ali era ajudar ou julgar os doentes!!!
Expliquei-lhe que o Nuno não conseguia abrir a boca o suficiente para que alguém lhe observasse a garganta, o que ele próprio também não conseguiu, apesar de ter feito 3 tentativas. Sempre com a cabeça inclinada sobre a secretária, com ar enfadado, rabiscou na folha que tinha à frente "auto-medicou-se" e mais qualquer coisa ilegível e limitou-se a receitar o anti-inflamatório (maxilase). Ainda lhe perguntei se, uma vez que havia a dificuldade em o observar convenientemente, se me sugeria alguma outra alternativa ou procedimento, limitando-se a dizer:
- "Agora? o quadro já está mascarado!" Saímos dali, comprámos o medicamento e deixámos passar mais 24 horas.
Para agravar um pouco a minha preocupação, a minha madrinha ligou-me aflita porque acabara de saber pela irmã que mora em S. Pedro do Estoril, que um jovem falecera na sequência de uma infecção de garganta que inicialmente apresentava sintomas semelhantes a uma amigdalite, tendo-lhe sido depois diagnosticado "púrpura" .
O Nuno fez questão de voltar logo para Lisboa, porque tinha trabalhos para apresentar na faculdade e mandei-lhe um xarope expectorante Bisolvon que, segundo me disse, aparentemente teve um papel importante na inversão do quadro clínico.
Durante todo esse tempo pensei várias vezes levá-lo a outro hospital, por exemplo ao hospital particular de Lisboa ou à CUF, mas o rapaz recusava-se e convicta da dificuldade em se deixar examinar convenientemente, fui adiando.
Ontem à noite, como as queixas se mantinham, disse-lhe que de hoje não passava e acordámos ir ao meu médico de clínica geral, com quem entretanto falei e que imediatamente se disponibilizou para o ver hoje a qualquer hora. Quando o fui buscar à faculdade, dizia-me que já estava quase bom! Hoje, pela hora de almoço, libertara-se duma grande parte dos "cadáveres virulentos" eheheh
De facto, parecia outro!!! Apesar disso, foi consultado e está tudo bem. Ficou apenas a tomar anti-inflamatório (Adalgur).
Resolvido que está o problema, mantenho a dúvida: "como se distingue uma infecção viral duma bacteriana"? Alguém me sabe dizer???
P.S. Pode parecer que foi a primeira vez que o meu filho teve uma amigdalite, mas na verdade quando era miúdo teve várias infecções de garganta como a maioria das crianças. Mas juro que eu própria nunca observei uma assim! Estranhei também o facto desta infecção não ceder ao antibiótico, tanto mais que os meus filhos só muito esporadicamente tomam medicamentos.
14 comentários:
A menina livre-se de falar mal dos médicos! é que para a próxima já vai taxada de esquisita e de se automedicar, e depois o pobre é acusado de falta de interesse! Que queria a nina que o homem lhe fizesse? que virasse o moço de pernas pó ar pa lhe ver a garganta? pá outra vez arme-se de euros e vá a um médico particular que se vai sentar consigo lá atrás do biombo e a vai mandar despir, mesmo sabendo que o doente era aquele lá no canto que lhe dói a garganta! e depois paga e sai dali bem consultada!
Pascoalita, médicos bons e simpáticos só aparecem um em cada mil e, por milagre... E como a nina nem acredita muito em milagres...tome lá...
Xiii...Que confusão de medicação!
Ó menina Pascoalita, nunca lhe disseram para aguardar até 72h antes de se precipitar com antibiótico e outras 72 antes de concluir que o antibiótico não faz efeito?
Mas aqui, se alguém tem culpa de alguma coisa é a madrinha com o seu sentido de conveniência muito mal apurado.
Eu RIFAVA essa madrinha!! :)))
Laurita, ainda hoje ouvi uma opinião parecida «há médicos que desencadeiam melhoras nos seus doentes sem recurso a medicação»,
mas como sou muito certinha só me ocorreu o efeito placebo da bata branca, nem me lembrei do biombo ;))
Puxa! apressadinha sou eu e não ia logo a correr puxar do frasco do antibiótico eheheh
PS. Viral passa ao fim de cerca de 3 dias só com medicação sintomática. Bacteriana, só passa com antibiótico.
A distinção, tirando um sintoma aqui e ali + ou - difuso, é feita pelas tais 72h já que as análises bactereológicas levam quase o mesmo tempo.
Ah! Pois ... reconhece-se à posterior!
Nunca saberei o que o tal médico lhe teria receitado se tivesse sido consultado nas primeiras horas em que surgiram os sintomas, mas pela experiência que tenho, atrevo-me a acreditar que o mais certo seria sair dali com uma receita de CLAMOXYL Retard!
Claro que sei que se deve esperar, mas olha que até o pediatra deles, não refiro o nome mas é mto conceituado, nem sempre o fazia (pode até resultar disso a gravidade desta infecção).
Bem sabes que são os próprios médicos a não terem esse cuidado e nem sempre dão as indicações correctas.
Presumo que o ideal teria sido iniciar o tratamento com ananase, único anti-inflamatório que ele tinha em casa e o ben-u-ron para as dores e febre (é alérgico ao ibuprofeno e tb ao ácido acetilsalícilico)
Já agora, posso adiantar que ontem na consulta, não omiti nem uma vírgula do que fizemos e o clínico geral concordou com os procedimentos.
Ontem foi auscultado e elogiado pelo excelente estado geral, sobretudo pelo batimento cardíaco (60/m)
Preocupava-me eventuais efeitos que estas infecções chegam a causar noutros orgãos.
De qq forma, o médico que estava de serviço ao dito hospital mandou-lhe tomar 3 comprimidos/dia de maxilase e continuar com o antibiótico que tinha começado.
Ao fim de 2 tomas, o próprio Nuno leu o folheto e duplicou a dose (6/dia) e continuou a tomar o ben-u-ron de 4/4 horas!
Menina a infeção viral é virar o doente vezes sem conta e a bacteriana é tocar bateria sem parar, deve ser isso que o rapaiz tem, falta de baterias e mais nada...
Pascoalita sabes que mais? a Alkinha por acaso é médica? enfermeira? é que amuié receita cá com um à vontade!, e coitada da madrinha deles que é um amor de senhora, ams só fez por bem..enfim alkinha, por ser por amor, tem carradas de desculpa, vá que não matou o rapaz...
Ó pascoalita já se nota que estou fina? ja na choro, mijo mais mas na faz mal, já emagreci, comecei a emagrecer devagarinho, bom bom era tirar os papos de todos os lados...
Só mais um pormnenorzito ...
Foi por volta das 23,30 que o meu filho se foi queixar ao 7º andar! Por acaso a madrinha até recorreuà vizinha do lado que tem um genro ajudante de farmácia (engraçado o que isto me lembra eheheh).
Inicialmente, a senhora deu NIMED mas o meu nuno não pode tomar; o antibiótico foi a 2ª opção.
O mais engraçado é que só mto tempo depois, estava este quase a acabar, o Nuno reparou que clamoxyl era dos tais que o Correia Campos sugeriu que fosse dado aos pobres ahahahhah ... já tinha cabado a validade em Dezembro!
Provavelmente era tb por isso não fazia efeito. Qdo não se tem a mãe por perto ...
Dá quaze para dizer..se o moço nao morria da doença morria da cura!!
Algumas infecções respiratórias apresentam quadros típicos característicos que permitem 'à primeira' um diagnóstico de bacteriana vs. viral. Em caso de dúvida é lícito esperar 72 horas. Por vezes a evolução dá pistas. Claro que se houver um surto local de um determinado tipo de infecção a coisa pode ficar mais fácil. No entanto é importante, caso se suspeite de uma infecção bacteriana, efectuar uma colheita de material (geralmente pús na zona infectada) para confirmar a presença de bactérias e efectuar um teste de sensibilidade aos antibióticos. Isto deve ser feito antes de iniciar qualquer antibiótico. A razão deste procedimento tem a ver com o facto de muitas pessoas tomarem antibióticos de forma inadequada (i.e. o antibiótico errado, ou durante um tempo insuficiente) o que leva ao desenvolvimento progressivo de estirpes de bactérias com resistência crescente aos antibióticos mais comuns. É por esta razão que muitos casos de infecções bacterianas progridem mesmo depois de ser iniciada a toma de antibiótico.
Por questões práticas muitos médicos prescrevem um antibiótico de largo espectro, capaz de 'matar tudo quanto é bicho'. Assim se evita mais um teste e a consequente consulta para acertar a medicação. O reverso da medalha é que pelo uso excessivo deste tipo de super-antibióticos estão a surgir estirpes de super-bactérias, resistentes a tudo-e-mais-alguma-coisa.
A medicina é uma coisa complicada e a insuficiência de médicos/serviços e a dificuldade em aceder fácil e rapidamente a uma consulta só contribuem para piorar a coisa...
Rui Rogrigues,
Obrigada pela opinião/esclarecimento. Mtas vezes cometemos erros não por ignorância, mas por sermos "apressadinhos" e não seguirmos as regras que até conhecemos, como disse e bem a nina Ahlka.
De facto a medicina é cada vez mais complicada e infelizmente os governantes não estão sensibilizados para o probmlema e pela experiência que tenho e pelo que observo, o utente vem perdendo a um ritmo acelarado os escassos direitos que tinha à saúde.
Tanta coisa por causa de uma afecção na garganta provocada por algum resfriamento.
Alguém disse num comentário que o doente ia morrendo da cura. Essa é uma grande verdade. A grande maioria morre precisamente da cura. Quando há uma doença, alguém se preocupa em fortalecer o seu sistema imunológico?
Claro que não. Se o nosso organismo possui armas poderosas para nos defender das agressões do meio ambiente, porque não ter o cuidado de fornecer as "balas" necessárias para que as armas possam destruir os vírus e bactérias?
Porque razão há pessoas que nunca se gripam?
Pensem nisso.
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