terça-feira, junho 26, 2007

Infecção viral ou bacterariana???

Como já referi, nos últimos dias estive preocupadíssima com o meu filho mais velho que mora sozinho na minha casa em Lisboa a cerca de 30 km de nós.

Hoje posso afirmar com segurança que está francamente melhor, mas a coisa esteve muito complicada!

Na passada Quinta feira ligou-me dizendo que não estava nada bem. Cerca de 5 ou 6 dias antes tinha apanhado uma molha, 2 dias depois sentiu-se ligeiramente constipado e passados 2 dias começara com as primeiras dores de garganta que lhe apanhava e o ouvido esquerdo.

Tinha subido ao andar de cima onde mora a madrinha que lhe dera antibiótico (Clamoxyl) , anti-inflamatório (ananase) e começara também a tomar analgésico (ben-u-ron) mas as dores continuavam insuportáveis. Ao fim de 48 horas a tomar o anti-biótico, continuava sem conseguir engolir e sem conseguir falar! Estava a fazer uma alimentação líquida e não via melhoras.

Convém esclarecer que até Dezembro passado o meu filho tinha direito à ADSE e aos SSMJ como nosso dependente e sempre recorreu a médicos da especialidade que necessitava no momento.
Hoje com 26 anos, apesar de continuar a estudar (a fazer o mestrado em "teorias da literatura") e obviamente a nosso cargo, perdeu todos os direitos. Por outro lado, como mantém a residência dos pais, porque a opção Lisboa é temporária, receei aparecer num Domingo num hospital civil, pelo que o fui buscar e levei-o ao hospital de Mafra.

Na minha ignorância, pois tenho sido uma privilegiada, na medida em que nunca tive necessidade de recorrer aos hospitais civis, quando procedia à sua inscrição no guiché e me perguntavam do que se queixava, referi que o Nuno precisava de ser observado por um médico otorrino, tendo-me sido informado com alguma ironia que ali não havia "médicos de especialidade"!!!

Foi chamado para observação no minuto seguinte, e como o rapaz não articulava palavra, entrei com ele e fui eu que expus a situação. O médico, aparentando estar ali contrariado, apressou-se a ordenar que devia ser o doente a dizer do que se queixava. Referi-lhe a dificuldade que ele tinha em falar e mal eu lhe disse que o rapaz estava há 3 dias a tromar antibiótico, mostrou-se indignado!

- "Mas quem lhe disse que ele precisa de antibiótico??? Se isto é viral ..." Expliquei-lhe que já tinha falado telefonicamente com um médico de clínica geral amigo e que este tinha achado o procedimento correcto. De novo, com modos agressivos, disse-me:

- "Ah! O meu colega sem lhe ver a garganta, disse-lhe que fazia bem tomar antibiótico" Já viu o edital que está na porta lá fora sobre os perigos da "auto-medicação" ???

Em relação a isso só lhe disse que no meu entender as coisas se iriam agravar e muito! Não obviamente por culpa dos médicos, mas devido às medidas que o governo vem tomando. Tendo-nos sido vedada a possibilidade de recorrer aos médicos em quem nos habituámos a confiar durante mais de 30 anos, o mais certo é optarmos pela auto-medicação e só em último recurso recorreremos aos hospitais civis. Num momento mais quente ainda lhe perguntei se a sua função ali era ajudar ou julgar os doentes!!!

Expliquei-lhe que o Nuno não conseguia abrir a boca o suficiente para que alguém lhe observasse a garganta, o que ele próprio também não conseguiu, apesar de ter feito 3 tentativas. Sempre com a cabeça inclinada sobre a secretária, com ar enfadado, rabiscou na folha que tinha à frente "auto-medicou-se" e mais qualquer coisa ilegível e limitou-se a receitar o anti-inflamatório (maxilase). Ainda lhe perguntei se, uma vez que havia a dificuldade em o observar convenientemente, se me sugeria alguma outra alternativa ou procedimento, limitando-se a dizer:
- "Agora? o quadro já está mascarado!" Saímos dali, comprámos o medicamento e deixámos passar mais 24 horas.
Para agravar um pouco a minha preocupação, a minha madrinha ligou-me aflita porque acabara de saber pela irmã que mora em S. Pedro do Estoril, que um jovem falecera na sequência de uma infecção de garganta que inicialmente apresentava sintomas semelhantes a uma amigdalite, tendo-lhe sido depois diagnosticado "púrpura" .

O Nuno fez questão de voltar logo para Lisboa, porque tinha trabalhos para apresentar na faculdade e mandei-lhe um xarope expectorante Bisolvon que, segundo me disse, aparentemente teve um papel importante na inversão do quadro clínico.

Durante todo esse tempo pensei várias vezes levá-lo a outro hospital, por exemplo ao hospital particular de Lisboa ou à CUF, mas o rapaz recusava-se e convicta da dificuldade em se deixar examinar convenientemente, fui adiando.

Ontem à noite, como as queixas se mantinham, disse-lhe que de hoje não passava e acordámos ir ao meu médico de clínica geral, com quem entretanto falei e que imediatamente se disponibilizou para o ver hoje a qualquer hora. Quando o fui buscar à faculdade, dizia-me que já estava quase bom! Hoje, pela hora de almoço, libertara-se duma grande parte dos "cadáveres virulentos" eheheh

De facto, parecia outro!!! Apesar disso, foi consultado e está tudo bem. Ficou apenas a tomar anti-inflamatório (Adalgur).

Resolvido que está o problema, mantenho a dúvida: "como se distingue uma infecção viral duma bacteriana"? Alguém me sabe dizer???

P.S. Pode parecer que foi a primeira vez que o meu filho teve uma amigdalite, mas na verdade quando era miúdo teve várias infecções de garganta como a maioria das crianças. Mas juro que eu própria nunca observei uma assim! Estranhei também o facto desta infecção não ceder ao antibiótico, tanto mais que os meus filhos só muito esporadicamente tomam medicamentos.


14 comentários:

Laura disse...

A menina livre-se de falar mal dos médicos! é que para a próxima já vai taxada de esquisita e de se automedicar, e depois o pobre é acusado de falta de interesse! Que queria a nina que o homem lhe fizesse? que virasse o moço de pernas pó ar pa lhe ver a garganta? pá outra vez arme-se de euros e vá a um médico particular que se vai sentar consigo lá atrás do biombo e a vai mandar despir, mesmo sabendo que o doente era aquele lá no canto que lhe dói a garganta! e depois paga e sai dali bem consultada!
Pascoalita, médicos bons e simpáticos só aparecem um em cada mil e, por milagre... E como a nina nem acredita muito em milagres...tome lá...

Ahlka disse...

Xiii...Que confusão de medicação!
Ó menina Pascoalita, nunca lhe disseram para aguardar até 72h antes de se precipitar com antibiótico e outras 72 antes de concluir que o antibiótico não faz efeito?
Mas aqui, se alguém tem culpa de alguma coisa é a madrinha com o seu sentido de conveniência muito mal apurado.
Eu RIFAVA essa madrinha!! :)))

Laurita, ainda hoje ouvi uma opinião parecida «há médicos que desencadeiam melhoras nos seus doentes sem recurso a medicação»,
mas como sou muito certinha só me ocorreu o efeito placebo da bata branca, nem me lembrei do biombo ;))

Cusca Endiabrada disse...

Puxa! apressadinha sou eu e não ia logo a correr puxar do frasco do antibiótico eheheh

Ahlka disse...

PS. Viral passa ao fim de cerca de 3 dias só com medicação sintomática. Bacteriana, só passa com antibiótico.
A distinção, tirando um sintoma aqui e ali + ou - difuso, é feita pelas tais 72h já que as análises bactereológicas levam quase o mesmo tempo.

Pascoalita disse...

Ah! Pois ... reconhece-se à posterior!
Nunca saberei o que o tal médico lhe teria receitado se tivesse sido consultado nas primeiras horas em que surgiram os sintomas, mas pela experiência que tenho, atrevo-me a acreditar que o mais certo seria sair dali com uma receita de CLAMOXYL Retard!

Claro que sei que se deve esperar, mas olha que até o pediatra deles, não refiro o nome mas é mto conceituado, nem sempre o fazia (pode até resultar disso a gravidade desta infecção).

Bem sabes que são os próprios médicos a não terem esse cuidado e nem sempre dão as indicações correctas.
Presumo que o ideal teria sido iniciar o tratamento com ananase, único anti-inflamatório que ele tinha em casa e o ben-u-ron para as dores e febre (é alérgico ao ibuprofeno e tb ao ácido acetilsalícilico)

Pascoalita disse...

Já agora, posso adiantar que ontem na consulta, não omiti nem uma vírgula do que fizemos e o clínico geral concordou com os procedimentos.
Ontem foi auscultado e elogiado pelo excelente estado geral, sobretudo pelo batimento cardíaco (60/m)

Preocupava-me eventuais efeitos que estas infecções chegam a causar noutros orgãos.

Pascoalita disse...

De qq forma, o médico que estava de serviço ao dito hospital mandou-lhe tomar 3 comprimidos/dia de maxilase e continuar com o antibiótico que tinha começado.
Ao fim de 2 tomas, o próprio Nuno leu o folheto e duplicou a dose (6/dia) e continuou a tomar o ben-u-ron de 4/4 horas!

Laura disse...

Menina a infeção viral é virar o doente vezes sem conta e a bacteriana é tocar bateria sem parar, deve ser isso que o rapaiz tem, falta de baterias e mais nada...

Laura disse...

Pascoalita sabes que mais? a Alkinha por acaso é médica? enfermeira? é que amuié receita cá com um à vontade!, e coitada da madrinha deles que é um amor de senhora, ams só fez por bem..enfim alkinha, por ser por amor, tem carradas de desculpa, vá que não matou o rapaz...

Ó pascoalita já se nota que estou fina? ja na choro, mijo mais mas na faz mal, já emagreci, comecei a emagrecer devagarinho, bom bom era tirar os papos de todos os lados...

Pascoalita disse...

Só mais um pormnenorzito ...
Foi por volta das 23,30 que o meu filho se foi queixar ao 7º andar! Por acaso a madrinha até recorreuà vizinha do lado que tem um genro ajudante de farmácia (engraçado o que isto me lembra eheheh).

Inicialmente, a senhora deu NIMED mas o meu nuno não pode tomar; o antibiótico foi a 2ª opção.
O mais engraçado é que só mto tempo depois, estava este quase a acabar, o Nuno reparou que clamoxyl era dos tais que o Correia Campos sugeriu que fosse dado aos pobres ahahahhah ... já tinha cabado a validade em Dezembro!
Provavelmente era tb por isso não fazia efeito. Qdo não se tem a mãe por perto ...

africana disse...

Dá quaze para dizer..se o moço nao morria da doença morria da cura!!

Anónimo disse...

Algumas infecções respiratórias apresentam quadros típicos característicos que permitem 'à primeira' um diagnóstico de bacteriana vs. viral. Em caso de dúvida é lícito esperar 72 horas. Por vezes a evolução dá pistas. Claro que se houver um surto local de um determinado tipo de infecção a coisa pode ficar mais fácil. No entanto é importante, caso se suspeite de uma infecção bacteriana, efectuar uma colheita de material (geralmente pús na zona infectada) para confirmar a presença de bactérias e efectuar um teste de sensibilidade aos antibióticos. Isto deve ser feito antes de iniciar qualquer antibiótico. A razão deste procedimento tem a ver com o facto de muitas pessoas tomarem antibióticos de forma inadequada (i.e. o antibiótico errado, ou durante um tempo insuficiente) o que leva ao desenvolvimento progressivo de estirpes de bactérias com resistência crescente aos antibióticos mais comuns. É por esta razão que muitos casos de infecções bacterianas progridem mesmo depois de ser iniciada a toma de antibiótico.
Por questões práticas muitos médicos prescrevem um antibiótico de largo espectro, capaz de 'matar tudo quanto é bicho'. Assim se evita mais um teste e a consequente consulta para acertar a medicação. O reverso da medalha é que pelo uso excessivo deste tipo de super-antibióticos estão a surgir estirpes de super-bactérias, resistentes a tudo-e-mais-alguma-coisa.
A medicina é uma coisa complicada e a insuficiência de médicos/serviços e a dificuldade em aceder fácil e rapidamente a uma consulta só contribuem para piorar a coisa...

Pascoalita disse...

Rui Rogrigues,

Obrigada pela opinião/esclarecimento. Mtas vezes cometemos erros não por ignorância, mas por sermos "apressadinhos" e não seguirmos as regras que até conhecemos, como disse e bem a nina Ahlka.
De facto a medicina é cada vez mais complicada e infelizmente os governantes não estão sensibilizados para o probmlema e pela experiência que tenho e pelo que observo, o utente vem perdendo a um ritmo acelarado os escassos direitos que tinha à saúde.

Teófilo Silva disse...

Tanta coisa por causa de uma afecção na garganta provocada por algum resfriamento.
Alguém disse num comentário que o doente ia morrendo da cura. Essa é uma grande verdade. A grande maioria morre precisamente da cura. Quando há uma doença, alguém se preocupa em fortalecer o seu sistema imunológico?
Claro que não. Se o nosso organismo possui armas poderosas para nos defender das agressões do meio ambiente, porque não ter o cuidado de fornecer as "balas" necessárias para que as armas possam destruir os vírus e bactérias?
Porque razão há pessoas que nunca se gripam?
Pensem nisso.