Amigos, cento e dez, ou talvez mais
Eu já contei. Vaidades que sentia:
Supus que sobre a terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais!
Amigos, cento e dez, tão serviçais
Tão zelosos das leis da cortesia,
Que já farto de os ver me escapulia
Às suas curvaturas vertebrais.
Um dia adoeci profundamente:
Ceguei. Dos cento e dez houve um somente
Que não desfez os laços quase rotos.
-- Que vamos nós (diziam) lá fazer?
Se ele está cego, não nos pode ver!...
-- Que cento e dez impávidos marotos.
(Camilo Castelo Branco)
12 comentários:
É isso, até eu no hospital não tive nenhum e havia dois prometidos, mas, a vida trocou-lhes as voltas...mas que cento e dez impávidos marotos... valeu-me o meu sobrinho que ia lá quase todos os dias...Beijinhos e este Camili é um achado, mesmo nos dias de hoje..beijinhos meus..laura.
Ora, Laurinha ...
Tiveste AMIGOS no hospital sim. Talvez não de todas as vezes, ou talvez tenha havido uma certa dupla que roeu a corda mas ambas sabemos que estiveste sempre bem acompanhada.
Mas é verdade que este soneto está perfeitamente adequado aos nossos dias. Não é por acaso que o povo diz:
"É no hospital e na cadeia que se conhecem os amigos"
jinhos
Pois é, Pascoalita, essa de ter muitos amigos quando se está na mó de cima, não quer dizer que eles lá estejam quando passamos para a de baixo.
Amigos? Poucos, mas bons, daqueles que nos acompanham em todos os momentos... :)
Beijocas e boa semana para ti!
Nada mais adequado aos nossos dias.
Amigos poucos, mas bons e verdadeiros...e na doença tu consegues ver quem realamente se preocupa contigo e te estende a mão ou os ouvidos para te ouvir desabafar.
Eu sei o que isso é ....vivi isso á pouco tempo.
E posso dizer-te que fiquei só com aqueles amigos que tenho á muitos anos, porque esses nunca me falharam.....todos os outros foram-se.
Beijokitas
Pascoalita
Amigos, amigos, amigos da onça, desses temos por toda a parte.
Tenho sentido bem na pele, certa qualidade de amigos.
Mas...Também os há, verdadeiros, desinteressados e prontos a partilhar. Desses felizmente também tenho muitos.
A Lauirinha referia-se à minha falta. Já me penitenciei e espero poder pagar com juros acrescidos.
Biquinhos, para as duas
Páscoa pequena - então junta lá mais um aos cento e dez amigos.
Beijinho
Ah, pascoalita, o mais um é e será sempre um grande amigo..beijinhos.
Gostei muito de rever este poema! Queria no entanto referir, que no último verso, onde está «cento e dez» deveria estar «cento e nove» para respeitar o autor. De resto, só tenho um comentário: parabéns, e obrigado por este bocadinho!
Ao meu querer!
Dias noites, estações esquecidas
Inventei sonhos para sonhar
Lavei mágoas, dores perdidas
Uma árvore toca as águas da lagoa
O nevoeiro faz desenhos nas cumeeiras
Um Melro negro solta um pio ao acaso
A palavra quero-te diz-se de mil maneiras
Convido-te a ver a Cor da Claridade
Doce beijo
Olá Pascoalita.
Estou de volta depois de umas férias ventosas, mas boas!
Amigos verdadeiros quem os tiver que os estime muito bem.
Eu já tive duas provas para certificar os verdadeiros amigos, quando estive no hospital, e quando perdi o emprego, onde estava há 20 anos,no meu caso descobri novos amigos para a vida, é claro que houve dois ou 3 que "roeram" a corda, mas é normal!!!
Eu tenho poucos mas muito bons, e não tenho grandes problemas com os falsos, porque os conheço.:)
Este soneto fala do que aconteceu ao meu pai, quando caiu a uma cama e os amigos a quem ele pagava rodadas de cerveja, deram de frosques...
Ele era daqueles que acreditava em todos, coitado....
Beijocas.
Nina pascoalita, tão? o passeior endeu tanto que ainda dormes? fogo...Conta, conta, a gete quer sabe rpormenores lugares onde passaste, enfim..beijinhos.
Pascoalita:
Sou Camiliana convicta. Como escritor era o máximo. Como poeta nam tanto. Há, todavia, dois poemas dele que nunca esquecerei: este que postaste e um outro, escrito quando Teófilo Braga, a quem não falava, perdeu, com poucos dias de diferença, os dois filhos. Chama-se "A maior dor humana"
Não sei se conheces. Por isso aqui vai.
A MAIOR DOR HUMANA
(Na morte quase simultânea dos dois filhos únicos
de Teófilo Braga)
Que imensas agonias se formaram
Sob os olhos de Deus! Sinistra hora
Em que o homem surgiu! Que negra aurora,
Que amargas condições o escravizaram!
As mãos, que um filho amado amortalharam,
Erguidas buscam Deus. A Fé implora…
E o céu que respondeu? As mãos baixaram
Para abraçar a filha morta agora.
Depois, um pai que em trevas vai sonhando,
E apalpa as sombras deles onde os viu
Nascer, florir, morrer!... Desastre infando!
Ao teu abismo, pai, não vão confortos…
És coração que a dor empederniu,
Sepulcro vivo de dois filhos mortos.
Camilo Castelo Branco, Nas trevas.
Beijinhos
Enviar um comentário