Hoje publico o texto com que participei na "Blogagem Colectiva" promovida por Susana Falhas do Blogue Aldeia na Minha Vida.
Para ler todos os textos dos participantes, comentar e votar, é Aqui.
Memórias ligadas à vinha
As vindimas de que tenho lembrança remontam aos últimos anos da década de 60 do século passado, quando eu era ainda criança com 10 ou 11 anos de idade e já integrava um grupo de trabalhadores da aldeia, e durante um dia inteiro, colhia os cachos e carregava à cabeça enormes cestos de vime cheios de uvas. Na minha aldeia, no Concelho de Trancoso, na Beira Alta, as vindimas tinham início em Setembro e por vezes prolongavam-se até Outubro.
Lembro-me do Sr Alberto, um respeitável feitor que tinha a seu cargo a tarefa de cuidar das vinhas, cujos donos moravam e exerciam a sua actividade profissional na capital, apenas se deslocando esporadicamente à aldeia onde permaneciam pouco tempo e raramente eram vistos.
Lembro-me do Sr Alberto, um respeitável feitor que tinha a seu cargo a tarefa de cuidar das vinhas, cujos donos moravam e exerciam a sua actividade profissional na capital, apenas se deslocando esporadicamente à aldeia onde permaneciam pouco tempo e raramente eram vistos.
O pessoal contratado, na maioria mulheres, juntava-se no adro da igreja, ou junto ao cruzeiro da aldeia e partiam em grupo, umas vezes a pé, outras numa carrinha de caixa aberta quando a vinha era mais distante, levando cada um o seu próprio farnel. A tarefa era desempenhada ao som de alegres canções populares e o tempo passava sem quase darmos conta.
Retrocedendo a essa época, acabo por constatar que aquilo que é hoje considerado "exploração infantil", constituía para mim, e disso tinha plena consciência na altura, um dos poucos factores de alegria e realização pessoal. E bem me lembro da sensação de orgulho que sentia quando ao fim do dia me cruzava com meninas da minha idade que, por protecção paternal ou por terem sido preteridas pelo contratante, ficavam a brincar nas ruas da aldeia. E hoje, por mais estranho que possa parecer, sou capaz de afirmar que me sentia privilegiada por trabalhar.
Retrocedendo a essa época, acabo por constatar que aquilo que é hoje considerado "exploração infantil", constituía para mim, e disso tinha plena consciência na altura, um dos poucos factores de alegria e realização pessoal. E bem me lembro da sensação de orgulho que sentia quando ao fim do dia me cruzava com meninas da minha idade que, por protecção paternal ou por terem sido preteridas pelo contratante, ficavam a brincar nas ruas da aldeia. E hoje, por mais estranho que possa parecer, sou capaz de afirmar que me sentia privilegiada por trabalhar.
O pisar das uvas e a prova do vinho mosto são lembranças que associo à casa de família quando os meus avós maternos ainda eram vivos, mas isso numa época tão longínqua que já quase se confunde com um sonho.
Muito mudou na minha vida desde então, mas as vindimas continuam a atrair gente às aldeias, o processo será menos artesanal, o ritual mais familiar, mas os actos de colher e pisar as uvas ainda são desempenhados em FESTA!
Muito mudou na minha vida desde então, mas as vindimas continuam a atrair gente às aldeias, o processo será menos artesanal, o ritual mais familiar, mas os actos de colher e pisar as uvas ainda são desempenhados em FESTA!
A última "vindima" em que participei foi há mais de 10 anos, quando troquei a cidade pelo campo, adquirindo uma moradia com quintal onde moro actualmente. Nesse ano o meu "aprendiz de hortelão" aventurou-se na experiência e um dia de "trabalho intenso" de 2 adultos e 2 crianças, rendeu:
- 15 litros de vinho tinto
- 10 litros de vinho branco
- 5 litros de jeropiga (tudo de excelente qualidade eheheh)
28 comentários:
E não nos convidas-te para ir provar esse nectar?????
Ès suspeita para afirmar que ele era " de muito boa qualidade".....ahahahahahahah
Para a proxima vindima convida quem entenda disso (EU)para ir aí fazer a prova:)
Beijokitas
Gostei do que li e isso já é bastante.
Também vou concorrer. E ontem, quase, quase, que iniciei. Tive preguiça. Mas hoje ou amanhã vai sair.
Dei uma gargalhada ao ler o comentário da Parisiense. ahahah. E mais não digo. Mas conto esta.
Tive um amigo que já faleceu, que era bom copo, bom "vivan" e mais uma data de coisas boas.
Certa vez, fui com ele e mais 10 amigos a uma adega na povoação de D. Maria, por aqui nos arrabaldes de Lisboa. Comemos, febras, torresmos, "molejas", castanhas, sardinhas, tamboril, e,
quando acabamos era 4 da manhã.
Tudo regado com vinho, vinho e vinho. Quando alguém se levantava para ir aos sanitários, tenho a certeza que só saía tinto.
Fui eu o condutor e estaria mais lúcido que todos os outros. Levei um a um a casa e quando cheguei à porta do Amélio, já era dia. Ele mete a mão ao bolso, procura a chave, tenta mete-la na fechadura e caiu-lhe ao chão. As pernas não aguentavam já com o peso dele, efeitos do tinto. Para procurar a
senta-se no chão, e apalpa à sua volta, mas sem resultados. Não fora eu e ainda hoje lá estaria, já que quando se sentou, fê-lo precisamente em cima da chave.
Convida-me para entrar e vai buscar, uma especialidade de vinho tinto que lá tinha, coisa do outro mundo, ou não sei mesmo se não seria dos seus arredores.
Meto o copo à boca e não bebi, porque me soube a vinagre. Disse-lhe assim;.- Amélio o vinho está azedo!...Não pode ser. Prova ele e diz isto.
Que grande merda e quer burro sou.
Ando à uma data de tempo a beber vinho já azedo e convencido que é uma grande especialidade.
ahahah...
Tirem pois, as ilações que quiserem, quando alguém faz vinho e tem uma especialidade de maravilha em casa. ahahah....
Biquinhos Pascoalita, Amiga
ahahahah parisiense,
foi a única vez que o meu hortelão tentou a proeza! Deu algum trabalho, já que não dispunhamos de utensílios adequados, mas foi divertido e olha que ficou mesmo bom.
Agora papamos as uvas todas mal começam a pintar, senão as abelhas e moscas só deixam pele e graínhas eheheh
jinhos
Ó nino Zé,
Mas tu estiveste à espera de quê para concorrer? Agora já é tarde, homem!
Tens de enviar os textosd até ao dia 8 de cada mês, para que a equipa os possa publicar no dia 10.
E logo tu que és um especialista na matéria. Nem precisavas esforçar-te muito ... este comentário dava um belo texto! Tens cada história, nino eheheheh
Pois trata de ir lá votar e comentar e vai preparando o texto para a Blogagem Colectiva de Outubro que é sobre a "Castanha"
Olha lá, por acaso não estás a querer dizer que a "pinga" feita pelo meu hortelão, com a nossa ajuda, também era uma mistela, pois não? Pena tenho eu que já tenha acabado ahahah´
jinho
Gostava de participar numa!
Olá, Pascoalita
Gostei deste texto e vou seguir a sugestão de passar na "aldeia" para ler mais alguns e talvez um "hello" à Susana.
Com que então esgueiravas-te-se para ir papar as uvas do patrão eheheh
Lindos rebentos os teus filhotes :)
Um beijo
Adry
Xiiiiiiii Zé do cão ...
CORRECÇÃO:
Agora fui eu que meti água. O tema de Outubro não é nada sobre a castanha, nem faria sentido (esse é em Novembro)
O tema de Outubro é:
"Na minha terra come-se bem"
Olá Pascoalita:
Desculpa o atraso...mas cá estou na tua casa para te dizer que gostei muito da tua partilha de experiências connosco. Acredita que não era a única, a ser "forçada" a trabalhar. Muitas outras passaram pelo mesmo, para os pais ganharem mais uns troquinhos. Não te esqueças que as vindimas era uma das épocas mais fortes, onde as pessoas conseguiam obter algum rendimento, trabalhando para várias quintas, a colher as uvas.
Eu também vindimei e olho para esses tempos, com ternura, mas não me esqueço das dores de costas e das pernas que yinha ao fim de um dia de trabalho.
Bjs Susana
Pois é Pascoalita: tens razão! o comentário do Zé vale bem um belo post lá na aldeia! Já é tarde para o incluir nas votações, que já começaram mas se quiser posso inclu-lo na colectânea de textos.É só dizer!
Pariense e Adriana e conversa inútil: estejam à vontade para participar.
Na próxima blogagem de Outubro já sabem, é sobre Comida Tradicional:"Na minha terra come-se bem". Sempre podem ir pensando num bom prato para servir lá a na aldeia!
Bjs Susana
Excelente texto, Pascoalita, por um lado trazendo memórias do passado, por outro vincando uma labuta de todos os que vivem no campo durante esta época do ano.
Beijocas!
Roderick
E por que não o fazes? Há quem se desloque nesta altura do ano a terras do Douro para esse fim.
Olha que até fui conferir se fazias parte do grupo de Bloguistas que se reunirá em breve em terras do Douro. Uma boa oportunidade para estar em contacto com as vinhas eheheh
Vê aqui:
http://mautristeefeio.blogspot.com/2009/09/vinhas-do-douro-lugar-de-encontro.html
jinhos
Obrigada, Adry
É divertido. Tenta participar também na blogagem de Outubro e vai lá comentar e votar.
jinho
Oi, Susanita :)*
Foi giro recordar. Agradeço-te por isso e gostei de lembrar e partilhar a minha experiência de infância.
O trabalho do campo é duro, mas continuo a dizer que só me fez bem.
Sabes que há circunstâncias em que o esforço físico alivia o espírito e reafirmo: não foi propriamente o trabalho duro que que me exigiam que tornou a minha infância dramática.
Um beijinho grande
Teté,
Ainda bem que a menina gostou :b)
bora lá então comentar e votar no sítio certo eheheh
Aqui para nós que ninguém nos ouve, tenho um dedinho que me segredou onde caiu o teu voto na blogagem anterior ... ou pensavas que não? eheheheh
Ah! E gostava de ver um texto teu alusivo ao próximo tema.
Eu tentarei arranjar tempo. Já prometi à "quase minha conterrânea" Susana.
jinhos
Pascoalititazita
Eu também concorri - o que mostra que a iniciativa susanística chega a toda a malta, inclusive aos anciãos a caminho dos 68, ali já à esquina, ou seja no domingo, 20.
Desde já anuncio que aceito prendas - mas boas; isto é ótimas (nvo ac.ort.). Dois quilitos de oiro em pó, é apenas um exemplo. Já que não vou ganhar a colectiva, assim éké.
Gostei de te ver lá na Travessa, cumentando (com o) a nossa Alcatruzeira. Podes fazer mais cumentários (com o) aos outros autores. Podes - e deves!
Qjs
Lembrei-me duma vindima em Bordéus (França).
Quando chegava a noite nem forças tínhamos para nos taparmos com uma manta toda piolhosa.
Parece que em 15 dias recebi 5000 francos.
Mas eram dos "beras", dos antigos francos, um saco deles ... (pouco ou nada valia, mas eram mais valiosos do que os escudos), quando cheguei a Castelo Branco já me tinha desforrado da vida ...
Tempos que nunca mais voltarão, mas as recordações subsistem e boas ou ma´s, são parte da vida.
Um bom fim de semana.
Adoro estas tuas histórias sobre Portugal suas pessoas e suas coisas.
Um abraço moça.
Vinho doce é mesmo muito bom, é um verdadeiro sumo de uva.....uma delicia....mas para a vesicula!!!!!
E este ano que as vindimas começaram mais cedo não tarda já temos para provar.
Um bom fim de semana.
Beijokitas
Ó menina Tetéééééé
Mas o que é isto? Como é que a menina pode ter dúvidas entre escolher um texto escrito com todo o esmero e os gatafunhos da Pascoalita? Querem lá ver que já chegámos à Madeira!!!! Que eu saiba ainda não saímos das Beiras e pelo andar da carruagem, a nossa Amiga Susana tem a bagagem cheia de surpresas.
Arranje-se como puder, mas eu quero um votinho lá na minha ranhura! (não, não é nessa ranhuira, menina de mente perversa ... aqui só quem pode pensar em marotices é Cusca endiabrada, tá?)
Ora bem, eu até vinha para dizer que gostei do texto, mas para não dar ideias aos visitantes, o meu é imcomparavelmente mais melhor bom!!!
dentadinhas
Parabéns à família agricultora. Quando é que podem produzir feijão branco? Digo isto porque é o melhor alimento para quem quer perder peso. Estou comprador!
Acompanha-me a sorrir:
Prefiro rosas, meu amor, à pátria,
E antes magnólias amo
Que a glória e a virtude.
Logo que a vida me não canse, deixo
Que a vida por mim passe
Logo que eu fique o mesmo.
Que importa àquele a quem já nada importa
Que um perca e outro vença,
Se a aurora raia sempre,
Se cada ano com a Primavera
As folhas aparecem
E com o Outono cessam?
E o resto, as outras coisas que os humanos
Acrescentam à vida,
Que me aumentam na alma?
Nada, salvo o desejo de indiferença
E a confiança mole
Na hora fugitiva.
Poesia do Pessoa?! Não... Curiosidades do Sandokan.
O coração humano produz pressão suficiente para jorrar o sangue para fora do corpo a uma distância de 10 metros.
(Uau!)
O orgasmo de um porco dura 30 minutos.
(Na minha próxima vida, quero ser um porco!)
Uma barata pode sobreviver 9 dias sem a sua cabeça até morrer de fome.
(Ainda não consegui esquecer o porco)
O louva-deus macho não pode copular enquanto a sua cabeça estiver conectada ao corpo. A fêmea inicia o acto sexual arrancando-lhe a cabeça.
('Querida, cheguei! O que é is.....')
A pulga pode pular até 350 vezes o comprimento do próprio corpo. É como se um homem pulasse a distância de um campo de futebol.
(Trinta minutos... que porco sortudo! Dá pra imaginar?)
Alguns leões acasalam até 50 vezes num dia.
(Ainda prefiro ser um porco na minha próxima vida... qualidade é melhor que quantidade!)
As borboletas sentem o gosto com os pés.
(Isso eu sempre quis saber)
O músculo mais forte do corpo é a língua.
(Hmmmmmmmm...)
Pessoas destras vivem em média 9 anos mais do que as canhotas.
(E se a pessoa for ambidestra?)
Elefantes são os únicos animais que não conseguem pular.
(E é melhor que seja assim!)
A urina dos gatos brilha quando exposta à luz negra.
(E alguém foi pago para descobrir isso?!)
O olho de uma avestruz é maior do que o seu cérebro.
(Conheço gente assim)
Estrelas-do-mar não têm cérebros.
(Conheço gente assim também)
Ursos polares são canhotos.
(Se eles começarem a usar o outro lado, viverão mais)
Seres humanos e golfinhos são as únicas espécies que fazem sexo por prazer.
(E aquele porco???)
Agora que você já deu pelo menos uma risadinha, é hora de mandar essas curiosidades malucas para alguém que mereça rir também, ou seja... TODO MUNDO!
(E o porco???)
*****
BOM FIM-DE-SEMANA!
Aparece e comenta lá no meu cantinho:
http://www.lusoprosecontras.blogspot.com
ESTOU DE REGRESSO!
Cusquinha: Não arranjes aqui, no cantinho da nossa amiga Pascoalita, barulho! Todos os que estão a participar nesta blogagem têm optimos textos. Só por aceitarem o meu convite,valem a minha consideração e admiração. Vamos lá comportar-nos como gente crescidinha e civilizada, ok amiga?
Teté: olha que ouvi e vou cobrar a tua presença na próxima blogagem (eh,eh,eh)!
Gostei de ver aqui o amigo Henrique a interagir com esta malta! Afinal, o mundo é mesmo pequnino e estamos todos em família, não é?
Bem tenho que ir publicar os resultados da blogagem de Agosto...senão alguém ainda vem atrás de mim saber satisfações...não vão pensar que vou eu almoçar em Trancoso, em vez dos vencedores...
Um bom fim de semana para todos! Fui!
Esta sirigaita chamada Cusca onde chega arranja logo confusão.
Agora estou sem tempo, mas não perdes pela demora ... lá porque andas mais aplicada na escolinha, já achas que tens estaleca para cometir com uma COTA? eheheh
me agurda ...
Olá Pascoalita, de novo!
Já sairam os resultados da blogagem de Agosto! Tenho lá boas surpresas!Entre elas está uma para ti e para o joão Celorico. Gostava que me ajudasses a surpreende-lo. Vai lá ver o que é. Bjs Susana
Já se sente aquele odor adocicado das uvas maduras no ar ...
A mim dá-me para cantorias e mais cantorias. E a ti?
Tenho estado a rir-me com os comentários que aqui tens!
As minhas recordações das vindimas são tão vagas que delas nem me lembro, mas sei que um dia me vi aflita com as abelhas, enquanto tentava apanhar os cachos de uvas. Tens um texto muito bonito que demonstra o teu orgulho de quando eras apenas uma criança e já conhecias o valor do trabalho.
Um beijinho.
É impressionante como a cultura do vinho envolve muito mais do que simplesmente plantar e colher. Acho que o deus Baco ainda anima essas vindimas.
E então, também é vinhateira, hein?
Um beijo!
As vindimas de que tenho lembrança remontam aos anos de 72 e 73 em que em ranchos de pessoal que o pai levava da terra para a zona de Pegões eu, então com 11 e doze anos, nas férias grandes da escola, fazia parte dos vindimadores.
Tal como a tua, a minha vida também seguiu outros rumos mas guardo uma memória muito pura e bonita desse tempo. Não entendo como exploração infantil. Naquele tempo era assim. Ia-se trabalhar e pronto. Lembro-me que para mim era uma festa e não um peso e apesar das dores nas costas aos primeiros dias também esses eram de entusiasmo porque se comia uvas a torto e a direito de maneira que dava uma coisa para a outra. Então deixávamos de ligar às uvas e às dores nas costas...
Já vês, Pascoalita que este texto me "caíu no goto" que é como quem diz me "soube bem". Fez-me bem.
Obrigada pela memória tão parecida.
Parabéns pelo texto.
Beijinhos para ti.
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